Jesus - a Simples Verdade

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Um recado aos Pregadores


Se analisarmos o ministério de Jesus em termos de números, podemos dizer que ele não era tão bem-sucedido quanto alguns pregadores modernos da teologia da prosperidade.

Multidões apertavam Jesus para ouví-lo, mas isso foi por pouco tempo pois Jesus não queria construir um império.

O problema é que os pregadores atuais desejam uma grande igreja, desejam pregar para multidões, desejam ser conhecidos, pregar na televisão, na rádio, na internet.

E medem o sucesso de seu ministério por números. Se pensarmos desta maneira, o maior pregador de todos os tempos foi Adolph Hitler que por sua pregação triunfalista conseguiu dominar um país.

Jesus investiu em pessoas. O tempo todo visava ensinar seus discípulos e por isso temos o cristianismo hoje, 2000 anos depois.

Qual é o seu foco? Qual é o seu objetivo? Sua pregação pode levar que as pessoas o aplaudam de pé, mas isso não significa que suas vidas sejam transformadas e nem que eles possuem fé em seus corações.

Tudo isso passa. Impérios construídos assim acabam quando o “imperador“ morre.

Uma pregação que leva em conta apenas o sucesso do pregador não é uma pregação cristã. É um discurso que coloca o homem no centro e não tem nada de Deus. Se você tem ouvido pregadores que se colocam como super-heróis da fé, fuja deles pois no cristianismo existe apenas um que é herói e somente nEle podemos ter vitória: Jesus. Se você não chora pelas almas você não está apto para pregar.

Se você tem pregado centralizado em números, dinheiro, prestígio, você não tem nada de bíblico. Se espera tapinhas nas costas e aplausos, fuja deste ministério pois trará maldição para sua vida.

Se seu foco é gritar para fazer as pessoas gritarem, se fica dizendo receba, dizendo que Deus vai abençoar e que vão vencer sem sequer saber do que realmente precisam, você está bem longe de ser um pregador do evangelho.

Se sua pregação não te faz sofrer, se não chora ao prepará-la, se você não sua frio ao subir ao púlpito por saber que existem pessoas indo para o inferno, que existem muitas pessoas que tem necessidades espirituais que você sequer sabe e que somente Deus sobrenaturalmente pode usar sua vida, se seu coração não arde em chamas de amor por essas pessoas, você não deve voltar a pregar para o bem de sua alma.

Se você acha que é o cara pregando, caia de joelhos. Seu sentimento deve ser de impotência e clamando por misericórdia para que Deus fale e não você.

Se você é um pregador de si mesmo, dobre seus joelhos e volte-se para o Soberano Deus para que Ele te dê unção para pregar aquilo que Ele deseja, ainda que isso te leve a cadeias, perseguição ou morte. Porém, somente desta maneira você será bem-sucedido em seu ministério.


Jesus - A Simples Verdade

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Fé e obras – A fé anula a Lei?

NTRODUÇÃO

Tiago 2:24 “Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé.”

Muitas são as interpretações dadas aos argumentos que Tiago utiliza em sua epístola na seção que vai do versículo quatorze ao vinte e seis do capítulo dois. A primeira vista, nota-se uma aparente contradição entre os ensinos paulinos e os que são aqui apresentados, porém é fato aceito por toda a cristandade que a Bíblia não apresenta contradições, por isso nesta pesquisa vão ser analisados os argumento de Tiago de forma sequencial, levando-se em consideração as regras gramaticais gregas e as interpretações dadas por diversos comentaristas, mas tendo como regra hermenêutica principal a de que a Bíblia interpreta a própria Bíblia, com o objetivo de entender a relação que as obras com a fé e qual o seu papel no plano da salvação.

Contextualização

A epístola de Tiago não possui data fixada, supõe-se que foi escrita por volta do ano 62 A. D. Outra suposição fixa a data entre 66–70 A. D.

O provável local de composição é Jerusalém, pois a epístola apresenta aspectos que demonstram a familiarização do autor com esta região: vida beira–mar, abundância de azeite, vinho e figos, sal e fontes amargosas. Além disso, há alusão a chuvas de estio. Isso indica à região da Palestina.

No tempo da epístola o cristianismo estava se tornando para alguns, um meio de sentimento e apenas emoções. A fé viva demonstrada na prática de uma religião de atos de amor estava se esvaindo. O cristianismo desfigurou-se, tornando-se matéria de sentimentos e de afirmações que se tornaram mero assentimento intelectual. A epístola começa com a declaração de: “Tiago servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo…”, parece pouco para que se faça uma identificação imediata de quem realmente é o autor do livro. Isso realmente pode ser considerado um problema, vários comentaristas, dentre eles R. N. Champlin, consideram Tiago, um dos livros mais problemáticos do Novo Testamento (NT), principalmente no que diz respeito a sua autoria. Para Douglas J. Moo no NT há pelo menos quatro homens chamados “Tiago”, os quais seriam autores potenciais da epístola. Já para Barclay, existe um quinto indivíduo que pode ser considerado autor do livro, para ele Tiago é correspondente a Jacó no Velho Testamento (VT). Jacó que tem no NT sua forma helenizada do hebraico Iakob, como Iakobos.

Bem, os possíveis autores podem ser: a) o pai de Judas, não o Iscariotes, b) um dos discípulos, filho de um homem chamado Alfeu, c) Tiago menor de Mc 15:40, sabe-se pouco sobre ele, d) o irmão de João filho de Zebedeu, e) o conhecido em Gl 1:19 como “irmão do Senhor”. Dentre todos, dois se destacam como os mais prováveis: o filho de Zebedeu e o irmão do Senhor. Agora segundo At 12:2, Tiago filho de Zebedeu morreu moribundo em 44 A. D. isso torna remota a possibilidade deste ser o autor da epístola. Então tudo indica Tiago irmão do Senhor como o Tiago do Livro.

Audiência

Ainda no verso um do capítulo primeiro, “…às doze tribos da dispersão: saudações!”, pode-se avaliar a quem está sendo dirigida a epístola. A palavra dispersão dá a entender que se trata de cristãos de origem judaica, os quais tinham a fé como resultado de uma obra que torna o homem perfeito, explicitado mais tarde no capítulo dois versos quatorze à vinte e seis.

Tiago, aparentemente enfrentou uma situação onde as pessoas professavam fé em Cristo e participavam da comunidade cristã, mas não percebiam as vastas implicações morais e éticas de tal envolvimento.

Vários dos cristãos a quem Tiago escreveu haviam feito algum progresso na carreira cristã, porém não estavam lutando com suficiente dedicação para alcançar os ideais da fé em Cristo, tais como: perseverança nas provações, determinação na perspectiva cristã, a igualdade entre as pessoas, a responsabilidade econômica e o planejamento da vida pessoal centralizado em Deus.

Tiago enfrentava o problema do intelectualismo, pessoas que tinham uma fé somente de cunho teórico. Defendiam que a fé, sem obras, é suficiente.

Também pode-se verificar que esses crentes judeus eram pessoas pobres
(Tg 5:4-6; 2:6, 7) que estavam sendo oprimidos por ricos.

Quando Tiago se dirige a seus leitores como “irmãos”, ele está dizendo que seus discurso tem como alvo membros da comunidade cristã e que os assuntos tratados são de natureza interna da igreja.

Agora Tiago pode também ser endereçados aos cristãos de todas as épocas, pois trata de assuntos que ele mesmo achava que deveriam ser a maior preocupação de todos os crentes; por isso, Tiago incluía entre as epístolas “católicas”, que tem um sentido de universalidade.

CAPÍTULO I

A FÉ QUE SALVA

“Que proveito há, meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano. E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.” (Tg 2:14-17).

Que proveito há? (ti ofelov; ) .Tiago inicia seu discurso dirigindo-se a seus irmãos com uma questão retórica, que quase sempre denota impaciência. Esta impaciência é presumível devido ao zelo de Tiago em manter a unidade doutrinária da Igreja. A partir desta parte da epístola Tiago pretende responder algumas perguntas levantadas por pessoas da igreja que diziam ter fé, mas recusavam fazer as coisas que ele achava que um crente deveria fazer, isto provavelmente suscitava uma certa impaciência por parte dele. também era uma expressão comum no estilo vivaz de uma diatribe ” moral, que geralmente exigia uma resposta negativa. Tiago
pergunta – “Se um homem diz que tem fé mas não tem obras pode esta fé salvá-lo”? . Esta pergunta se dirige a uma pessoa ou grupo de pessoas que defendem uma visão de “fé somente”, uma fé que não se empenha nas obras cristãs e que pode existir alheias a elas, esses não fazem questão de praticar tais obras, pois crêem que elas não influem em sua salvação. O escritor porém tem uma visão de que a fé não pode sobreviver sem as obras na vida de um cristão ativo que tem em seu interior a manifestação do Espírito Santo. As obras a que se refere são obras como atos de amor e misericórdia praticadas pelos cristãos em cumprimento da lei de Deus (2:8-13), que tem por sua vez o objetivo de exteriorizar e aprimorar o relacionamento entre o
homem convertido e o Deus salvador.

Ao contrário do que parece ao se ler rapidamente este versículo, o autor não se refere a fé de uma maneira genérica, dizendo assim que o homem não se salva somente pela fé, mas ele condena especificamente a fé de seus opositores e assim diz “Pode, porventura essa fé salvá-lo”?

A palavra salvar deve se referir neste contexto ao juízo final, e não a uma experiência passada, isto estaria de acordo com o sentido geralmente demonstrado por esse termo (ver Mt 24:13; Rm 5:9).

Para reforçar suas argumentações Tiago apresenta uma série de ilustrações, sendo que primeiramente apresenta uma situação provavelmente hipotética. Esta ilustração expõe a insensatez da fé sem obras revelando a situação de alguns cristãos primitivos e a reação inadequada de alguns de seus irmãos. Os opositores de Tiago desejavam que os irmãos necessitados passassem bem, e até oravam por eles. O “aquentai-vos e fartai-vos” dá a entender que diziam: “que Deus vos aquente e vos farte”. Porém isto não os levava a lhes dar “as coisas necessárias ao corpo” de seus irmãos, e essa recusa para avançar tornava imprestável a sua simpatia e sua oração. Tiago entendia que ser cristão era realizar boas obras.

Tiago conclui dizendo: Se não tem obras em si mesmo (de acordo com si mesmo), está interiormente e exteriormente morto (?????). Essa é a mesma linguagem usada em At 28:16; Rm 14:22. Em suma, a fé desses opositores é uma fé morta.

CAPÍTULO II

A FÉ SEM OBRAS É ESTÉRIL

“Mas dirá alguém: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Crês tu que Deus é um só? Fazes bem; os demônios também o crêem, e estremecem”. (Tg 2:18-20).

No versículo 18 são apresentados dois opositores hipotéticos que estão envolvidos na discussão: um é “tu” e o outro é “eu”. A primeira pessoa é aparentemente cristã, e pretende salvar-se somente pela sua fé; a Segunda, aparentemente um cristão, talvez de origem judia, quer se salvar por suas próprias obras.

{Mas, alguém dirá} Tiago introduz um acusador imaginário que fala uma oração: “Tu tens fé e eu tenho obras “. Então Tiago responde a este acusador. O acusador pode ser considerado como fazendo uma pergunta pequena: ” Tu tens fé “? Naquele caso Tiago responde: ” Eu também ” tenho obras. {me mostre tua fé aparte das obras}. Esta é a resposta de Tiago ao acusador. {E eu por minhas obras vou te mostrar minha fé}. Isto não é fé _ou_ obras, mas prova de real fé (fé viva _vs_. fé morta). A mera profissão de fé sem obras ou profissão de fé mostradas para ser viva através de obras. Esta é claramente a alternativa declarada. Note (fé) em ambos os casos. Tiago não está aqui discutindo ” obras ” (obras cerimoniais) como um meio de salvação como Paulo em Ga 3; Rm 4, mas obras como prova de fé.

No versículo 19 é citado um exemplo de fé sem obras que se relaciona com a primeira parte da resposta de Tiago: “Mostra-me a tua fé sem obras”. A fé sem obras existe, mas não entre os crentes, e sim entre os demônios. Isso demonstra claramente que a fé à qual Tiago está se referindo está muito aquém da fé que ele Paulo proclamavam. Aqui ele mostra que este tipo de fé vazia não passa de informação sobre Deus, tal qual a dos demônios, e que ela conduz a nada mais do que um temor abjeto diante de Deus.

CAPÍTULO III

OS ARGUMENTOS VETEROTESTAMENTÁRIOS

“Mas queres saber, ó homem vão, que a fé sem as obras é estéril? Porventura não foi pelas obras que nosso pai Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar seu filho Isaque? Vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada; e se cumpriu a escritura que diz: E creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e foi chamado amigo de Deus. Vedes então que é pelas obras que o homem é justificado, e não somente pela fé. E de igual modo não foi a meretriz Raabe também justificada pelas obras, quando acolheu os espias, e os fez sair por outro caminho”? Tg 2:25.

No versículo 20 Tiago introduz uma nova fase em sua resposta há declaração de que a fé pode existir sem as obras correspondentes. Agora ele irá mostrar, a partir do AT, que a fé real sempre é acompanhada de obras e que esta “fé operante” leva à aceitação perante Deus.

“Justificado através de obras”. Esta é a frase que é usada freqüentemente para ser horizontalmente oposta à declaração de Paulo em Rm 4:1-5, onde Paulo afirma que foi a fé de Abraão (Rm 4:9) o instrumento pelo qual lhe foi imputado a justiça, não as obras dele. Mas Paulo está falando sobre a fé de Abraão antes da circuncisão dele (4:10) como a base da sua justificação com Deus que é simbolizada pela fé na circuncisão. Tiago também deixa claro o seu significado. Nisso ele ofereceu Isaque o seu filho no altar. Eles usam as mesmas palavras, mas estão falando de atos diferentes. Tiago aponta ao oferecimento de Isaque no altar (Gn 22:16) como prova da fé que Abraão já teve. Paulo discute a fé de Abraão como a base da justificação dele, dele e não sua circuncisão. Não há nenhuma contradição entre Tiago e Paulo. Ninguém está respondendo o outro.

Tiago afirma que Abraão praticou obras e que aquelas obras foram usadas como critério no julgamento final de Deus sobre a vida de Abraão. Ele pressupõe que Abraão tinha fé e que aquela fé foi um elemento básico em sua aceitação por parte de Deus (vv. 22-23). Mas ele enfatiza que a vida de alguém que tenha sido aceito por Deus precisa revelar o fruto desse relacionamento, através de boas obras. Paulo se concentra naquilo que precede e torna possível estas obras.

Paulo quer deixar claro que uma pessoa entra no reino de Deus somente pela fé; Tiago insiste em dizer que Deus exige as obras daqueles que estão dentro.

Tiago constantemente bate nesta tecla enfatizando que o cristianismo exige tanto fé quanto obras. Ele enfrentou uma situação em que as pessoas diziam ter fé sem obras, e desafiavam estas últimas. Paulo enfrentou uma situação em que os homens enfatizavam o valor das obras sem uma ênfase na fé. Ambas as ênfases precisam ser exercidas.

Tiago relata ainda outro episódio veterotestamentário para reforçar seus argumentos, de forma resumida ele relata a atitude de fé de Raabe em receber e guardar os espias de Israel, suas obras demonstraram a abrangência da sua fé. Tanto ela quanto Abraão demonstraram uma completa despreocupação com sua própria segurança e comodidade aceitaram os desígnios divinos. Tiago mostrou que o mais venerável entre os fiéis e a mais desapreciada entre os gentios encontraram igualmente sua justificação através de uma fé atuante.

CAPÍTULO IV

A FÉ SEM OBRAS É MORTA

“Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tg 2:26).

Assim Tiago conclui este capítulo, reafirmando o seu tema central: a fé sem obras é morta. Afirmando que do mesmo modo que o corpo sem sua respiração não passa de um cadáver, assim também a fé, sem as obras que lhe dão vitalidade, é morta. Esta conclusão reafirma a preocupação de Tiago que se refere ao tipo certo de fé que um cristão deve ter, uma fé operante. A partir deste pressuposto vê-se que sem este tipo de fé, o cristianismo torna-se uma ortodoxia estéril e perde todo o direito de ser chamado fé.

CONCLUSÃO

Como foi visto anteriormente na análise de Tg 2:14-26, Tiago se mostrou incomodado com uma atitude da fé de quem a vê principalmente como uma confissão verbal, tal como a confissão de que Deus é um só (v.19). esta demonstrou-se ser uma fé sem obras (vv. 20, 26), e Tiago a considerou morta (vv.17, 26), inoperante (v.20); ela não tem poder para salvar (v.14) ou justificar (v.24). Tiago pressupõe a necessidade da fé. Ele afirmou possuir fé (v.18). Mas a fé que ele possui, “fé real”, é acompanhada de obras (vv. 14-17), “consumada” por elas (v. 22) e opera “juntamente com suas obras” (v.22). É o tipo de fé demonstrado por Abrão, reverenciado “pai da fé” (vv. 21-23), e Raabe, a rejeitada imoral (v.25). É absolutamente vital compreendermos que o principal ponto deste argumento, que foi expresso três vezes (nos vv. 17, 20 e 26), não é que as obras devem ser acrescentadas à fé, mas que a fé genuína as inclui; esta é a sua própria natureza.

A importância de Tiago para o cristianismo contemporâneo não deixa margem a dúvidas. O cristianismo realmente não existe quando crenças corretas ou declarações de fé são de tal interesse que possam ser substituídas por obrigações morais. A fé que não leva a uma ação moral e a um envolvimento cristão demonstra o seu próprio caráter como inútil. A fé demonstra a sua existência na obediência.

BIBLIOGRAFIA

Allen, Clifton J. “Tiago”. Comentário bíblico Broadman. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1987.
Apolinário, Pedro. Explicação dos textos difíceis da Bíblia. São Paulo: Instituto Adventista de Ensino, SALT, 1984.
Bultmann, R. Farschunigem Zur Religiom und Literatur the Altm und New Testament. Gottingen, NY: Vandenhoeck und Ruprecht, 1910.
Champlin, Russel N. O Novo Testamento interpretado. São Paulo: Candeia, 2000.
Champlin, Russel N., e João Bentes, Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. São Paulo; Candeia, 1995.
Filho, Isaltino G. Tiago: nosso contemporâneo. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicação, 1990.
Friberg, Barbara, e Timothy Friberg. O Novo Testamento grego analítico. São Paulo: Vida Nova, s.d.
Geraldo, Tiago ed. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulos, 1995.
Hahn, H. C. “Work, Do, Accomplish”, Dictionary of New Testament Theology. Ed. Colin Brown. Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1986.
“James”. Vincent’s Word Studies in the New Testament. Ed. Marvin R. Vincent. Peabody, MA: Hendrickson Publishers, s.d. 1:615-619.
Leuba, J. L. “Obras”. Vocabulário bíblico. Ed. J. J. Allmen. São Paulo: Associação de Seminários Teológicos Evangélicos, 1972.
Liddell, Henry George e Robert Scott. A Greek –English Lexicon. New York: Oxford University Press Inc., 1996. Ver “????”?
Martin, Ralph P. “James 2:14-26”. Word Biblical Commentary. Dallas, TX: Word Books, 1988.
Menoud, H. “Fé”. Vocabulário Bíblico.
Michel, O. “Fé”, “??????”. Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento. Ed. Lothan Coenen, e Colin Brown. São Paulo: Vida Nova, 2000.
Moo, Douglas J. Tiago: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1999.
Moulton, Harold K. The Analytical Greek Lexicon Revised. Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1980. Ver “?????”?
The Analytical Greek Lexicon. New York: Harpes e Brothes Publisshers, s.d. Ver “???”?
Theological Dictionary of the New Testament. Ed. Gerhard Kittel. Grand Rapids, MI: Ferdmans, 1980. Ver “?????”.
Valiant, Edilson. Doutrina da savação. Em Temas Teológicos. Capoeiruçu, BA: Centro de Pesquisa

Fonte: Jesus Voltará

Jesus - A Simples Verdade

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Outro Jesus, outro espírito e outro evangelho




2 CO 11.1-4; 28,29

“Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis” (2Co 11.4 – Revista e Corrigida)

Em 2Co 11.1-4, 28, 29 Paulo expressa o seu zelo, o seu cuidado e a sua preocupação não só com a Igreja de Corinto, mas com todas as igrejas.

Os crentes de Corinto era um rebanho extremamente trabalhoso, complicado e complexo. Dentre as igrejas da época, Corinto foi a que mais recebeu da parte de Paulo cuidado, visitas e conselhos pastorais. Por outro lado, a igreja de Corinto foi o rebanho que mais lhe fez sofrer. Apesar disso, Paulo se mostra aqui zeloso, cuidadoso e preocupado.

Em 11.2a Paulo ressalta o seu zelo pela igreja de Corinto; assume a posição de um pai que vela pela pureza da filha até o dia do casamento. Ele se coloca como alguém que compartilha o zelo de Deus pelo seu povo.

Em 11.3 Paulo destaca o receio e o temor do seu coração. Ele teme que as mentes dos Coríntios sejam desviadas e corrompidas por falsos ensinos.

Em 11.4 Paulo se mostra preocupado porque a igreja de Corinto estava aceitando que falsos apóstolos ensinassem e introduzissem na igreja um outro
Jesus, um outro espírito e um outro evangelho.

Quando lemos esse texto temos a impressão que Paulo está escrevendo para hoje! De sorte que, as suas preocupações com a igreja de Corinto, devem ser as nossas preocupações pastorais hoje.
Em nossos dias tem sido proclamado em igrejas “supostamente” evangélicas…

1. Outro Jesus (v.4a)

Hoje, na tentativa de atrair pessoas para igreja, tem-se proclamado um outro Jesus.

* O Jesus triunfalista  O Jesus dos milagres, das maravilhas e das coisas espetaculares. O Jesus apenas de glória e poder; que transforma homens em superhomens; que transforma crentes em supercrentes; que muda a tua vida e te transforma em um ser imune às dores, aos sofrimentos e às tragédias da vida.

* O Jesus Curandeiro  Amados, Jesus cura, mas curar não foi a cerne do seu ministério; não foi a razão primordial de sua vinda; não foi o tema central da sua pregação. Suas curas atraíam pessoas de todas as partes. Porém, ele não fazia “estardalhaços”; não fazia propagandas para atrair um público ávido por sinais; não fazia delas “estratégia de marcketing”.

Em nossos dias, pessoas têm sido atraídas por causa de uma “propaganda barata” do Jesus curandeiro. Pessoas têm vindo a Jesus meramente em busca de uma libertação dos males do corpo.

* O Jesus Papai Noel  O bom velhinho, sempre pronto a dar e a presentear. Essa concepção de Jesus tem gerado crentes sempre dispostos a receberem e a serem servidos, mas pouco dispostos a darem e a servirem.

* O Jesus Banco Central  O solucionador dos problemas financeiros. O Jesus Banco Central dos nossos dias tem atraído às igrejas desde o cidadão mais simples ao empresário “quebrado”, à beira da falência.
E a pergunta que deve-se fazer é: onde foi parar o Jesus da Bíblia? Qual o destino do Jesus crucificado? …do Cristo da Cruz?…do Jesus humilhado, perseguido e sofredor?

Precisamos trazer de volta para a Igreja, para os nossos púlpitos, para as nossas pregações o Cristo crucificado.

As pessoas precisam ser atraídas não pelo Jesus triunfalista; não pelo Jesus curandeiro; não pelo Jesus papai Noel; não pelo Jesus Banco Central; mas, pelo
Jesus crucificado, o poder de Deus para a salvação.

As pessoas precisam ser atraídas pela convicção de pecado, de condenação eterna, de necessidade de arrependimento, de necessidade de abandono de pecado, e por entender que a salvação é-nos concedida, não por um outro Jesus, mas pelo crucificado.

Em 1 Co 2.2 Paulo disse:

“Porque decidi nada saber entre vós senão a Jesus Cristo e este crucificado”.

Em nossos dias tem sido proclamado em igrejas “supostamente” evangélicas…

2. Outro espírito (v.4b)

Quando os Coríntios aceitaram Cristo mediante a pregação de Paulo, Deus lhes deu o Espírito Santo.

Mas, agora, falsos apóstolos estavam introduzindo e fomentando na igreja um outro espírito.

* Espírito arrogante  Um espírito que menospreza os demais e se acha o tal; o super espiritual; o portador de uma espiritualidade elevada.

* Espírito de vanglória  Um espírito que leva pessoas a se gabarem pelos dons recebidos e pelas realizações em nome de Deus.

* Espírito de rebeldia e discórdia  Um espírito que causa divisões, facções e partidarismo no meio da igreja.

* Espírito escravizador  Um espírito que leva alguns a exercerem domínio sobre outros pelo medo do que lhes poderá acontecer se não prestar obediência irrestrita.

À semelhança de Corinto, quantas igrejas hoje não têm abraçado outro espírito?!?! Se o espírito que supostamente atua em nós produz arrogância, rebeldia, discórdia, vanglória e escraviza as pessoas, precisamos avaliar que espírito é esse!

O Espírito de Deus gera humildade, submissão, unidade, amor, paz, harmonia, serviço mútuo e liberdade, poder para testemunhar, comunhão, partilha de pão, e preocupação com o necessitado.

Nesse texto, Paulo, se mostra preocupado porque a igreja estava abandonando o Espírito de Deus e aceitando outro espírito.
Em nossos dias tem sido proclamado em igrejas “supostamente” evangélicas…

3. Outro evangelho (v.4c)

O evangelho apresentado por Paulo em Corinto era o evangelho da graça, do arrependimento do pecado, da cruz, do compromisso abnegado com o Cristo.
Mas, os Coríntios estavam abraçando uma nova visão do evangelho, um outro evangelho.

Parece que Paulo estava escrevendo para a igreja brasileira no sec. XXI.
O que preocupava aquela época, é a mesma coisa que preocupa que incomoda os pastores zelosos dos nossos dias.

* Evangelho a 1,99 – (Pr. Lourenço Stelio Pega)
Esse evangelho é barato, acessível e serve aos propósitos de quem o adquire. Nesse evangelho, o pecador não é tratado como pecador, mas como cliente. E, se o pecador é cliente, todo cuidado é pouco. Afinal, o cliente é quem manda! É preciso tratá-lo com jeito, para não afugentá-lo nem contrariá-lo. Se o pecador é cliente, seu compromisso maior é financeiro. Sua relação com Deus não passa de uma relação monetária. O pecador/cliente precisa apenas investir. E esse seu investimento tem retorno garantido. Esse é o evangelho a 1,99.

* O evangelho sem a graça.

Nesse evangelho, se alguém quiser conseguir algo de Deus, é preciso pagar um preço. Quem quiser alcançar bênçãos precisa pagar por elas. Quem quiser conseguir a salvação, faça por onde. E se a conseguiu, cuidado para não perdê-la. Esse é o evangelho sem a graça.

* O evangelho da libertinagem

Esse é o evangelho sem disciplina, sem restrições comportamentais, onde é “proibido proibir”, onde o relacionamento amigável com o pecado é aceitável. Onde se diz “todas as coisas me são lícitas” e ponto final. Esse é o evangelho que transforma em libertinagem a graça de Deus e nega o senhorio de Cristo.

Conclusão

O Deus que pastoreia a sua igreja através de pastores pôde contar com Paulo, o pastor, no séc. I. Ele era um líder zeloso, cuidadoso e preocupado com a saúde da Igreja. Ele não se calou diante da introdução e fomentação de um outro Jesus, um outro espírito e de um outro evangelho dentro da igreja de Corinto.
Precisamos orar para que Deus continue levantando líderes cuidados com a saúde do rebanho. Precisamos zelar pela igreja “com zelo de Deus” e não permitirmos, não aceitarmos e nem nos calarmos diante da atual pregação em nosso país, de um outro Jesus, de um outro espírito e de um outro evangelho.

Pr. Paulo César Nascimento

Jesus - A Simples Verdade


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A História do Inferno: de 200 a 400 d.C.


O que os cristãos creram a respeito do inferno ao longo da história?

Após uma introdução das três principais visões sobre o inferno, apresentamos aqui grandes nomes da história e o que defendiam sobre o assunto. (acesse a introdução para ver o índice)

Orígenes (c. 185-254)

Orígenes talvez tenha sido o escritor cristão primitivo mais controvertido na área da escatologia (além de outras doutrinas). Profundamente moldado pelas tradições do médio platonismo, corrente filosófica presente na Alexandria do segundo século, bem como pelas obras de Clemente, para Orígenes o drama da história da salvação foi uma iniciativa divina para levar as “mentes” criadas de volta à união intelectual extática com Deus na qual tinham sido originariamente criadas. Todo o mundo físico, na teologia de Orígenes, era uma disciplina purgativa criada por Deus a fim de dar às mentes decaídas o estímulo necessário para abandonarem seu estado de apatia. O inferno era simplesmente a forma extrema dessa disciplina purgante, e os textos das Escrituras que tratam da punição eterna são enganos benevolentes de Deus com o propósito de nos chocar e assim nos conduzir ao arrependimento. Embora Satanás e os demônios estejam em desvantagem pelo fato de não terem um corpo, Orígenes manifestou a esperança de que eles retornariam a Deus na apocatástase, a restauração final de toda a criação. A apocatástase foi condenada como herética no Segundo Concílio de Constantinopla, em 553, três séculos após a morte de Orígenes.

Atanásio (c. 296-373)

Atanásio, patriarca de Alexandria e defensor ferrenho da plena divindade de Jesus, descrevia a salvação sobretudo como um retorno à união com a vida divina. Por termos sido criados do nada, cria Atanásio, temos a tendência de retroceder a um estado de nulidade quando separados da vida divina em razão do pecado. Isso é não apenas o resultado natural do pecado, mas também uma justa punição imposta por Deus. Todos os aspectos da fraqueza e da “corrupção” humana resultam, portanto, de nossa separação em relação à vida divina. Assim como Ireneu, Atanásio cria que Jesus havia remido a humanidade como um todo ao levar sobre si a justa punição de nossos pecados em sua morte (derrotando assim a morte e pondo termo a suas exigências legais sobre nós) e ao restaurar o vínculo que havia entre a natureza humana e a vida de Deus. O entendimento que Atanásio tinha a respeito da “corrupção” parecia insinuar que os perversos no fim seriam aniquilados, mas não se pode dizer que ele de fato tenha chegado a essa conclusão. O que talvez tenha defendido, em vez disso, foi a crença de que a condenação representava um deslize infindável rumo à nulidade sem nunca de fato alcançá-la ― crença mais tarde esposada por C. S. Lewis.

Gregório de Nazianzo (c. 325-389)

Sendo um dos teólogos “capadócios” que contribuíram para a formulação da doutrina da Trindade, Gregório de Nazianzo debateu o conceito da apocatástase defendido por Orígenes e se recusou a assumir uma postura conclusiva a respeito, quer contrária, quer favorável, preferindo deixar a questão nas mãos de Deus.

Gregório de Nissa (c. 335-394)

Gregório de Nissa, outro capadócio, baseou-se extensamente na obra de Orígenes e até mesmo na doutrina da apocatástase. Gregório gostava da imagem do fogo purificador, que elimina as impurezas do metal. Embora tenha por vezes mencionado a punição eterna, parecia entendê-la meramente como uma punição purgativa de longa duração e que no fim resultaria em salvação. A corrupção do corpo humano, como queria Gregório, é expurgada pela morte física, ao passo que a corrupção da alma é eliminada pelas punições pós-morte.

Gregório foi um dos mais destacados defensores da “teoria do resgate”, segundo a qual Jesus se ofereceu a Satanás em resgate pelas almas da humanidade pecaminosa. Quando Satanás morde a “isca”, acaba preso pelo anzol da divindade de Cristo, e assim a humanidade de Jesus conquista sua liberdade. Mas Gregório também afirma que essa derrota de Satanás é não apenas para o nosso bem, mas também para o bem do próprio Satanás, uma vez que ele também por fim será restaurado à união com Deus.

João Crisóstomo (c. 347-407)

João Crisóstomo foi acusado de “origenismo” como parte de uma caçada a heresias empreendida por motivações políticas, mas não parece que tenha defendido as opiniões de Orígenes sobre a apocatástase. Não raro, em seus sermões, ele fazia advertências acera da punição eterna. Em suas homilias contra os judaizantes, expôs o que percebia ser um “evangelho da prosperidade” proclamado pelos judeus, contrapondo-o ao ensino cristão mais modesto (e, portanto, mais genuíno): “Em nossas igrejas, ouvimos inúmeros discursos sobre as punições eternas, sobre o fogo que nunca se extingue, sobre o verme que nunca morre, sobre as cadeias que não se podem romper, sobre as trevas exteriores”.


© 2011 Christian History. christianhistorymagazine.org | Usado com permissão.

Tradução:voltemosaoevangelho.com

Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.


Jesus A Simples Verdade


domingo, 25 de setembro de 2011

O pecado do orgulho no ministério pastoral - Richard Baxter

O orgulho é um pecado que tem interesse demasiado naquilo que temos de melhor, e mais odiento e indesculpável em nós mesmos do que em outros homens. No entanto, prevalece de tal maneira, que condena nossos sermões, escolhe nossa companhia, molda nosso semblante, coloca enunciação e ênfase em nossas palavras. Enche a mente das pessoas com desejos e aspirações e domina a alma com pensamentos invejosos e amargurados. Lança-as contra os que permanecem na sua luz ou contra quem quer que possa eclipsar o brilho de sua própria reputação! Que companheiro constante, que comandante tirano, que inimigo sutil e surpreendente é o pecado do orgulho! Acompanha os homens à loja, ao armazém e ao alfaiate: escolhe o tecido de suas roupas, enfeites e moda. Sem o domínio de tal tirano vício, haveria menos pastores a se ocupar primariamente com cabelos e vestes enfeitadas.

Quando elabora o sermão, o orgulho vai conosco ao púlpito. Determina o tom da mensagem, anima-nos na entrega e retira dela o que poderia parecer desagradável ainda que necessário, tudo com vistas ao aplauso vão. Em suma, o orgulho obriga aos homens a buscarem a si mesmos, tanto no estudo quanto na pregação. Desse modo, muitos pregadores negam Deus, quando deveriam estar buscando a negação de si mesmos em favor da glória divina. Deveríamos nos perguntar: "O que devo dizer? Como dizer? O que mais agrada ao Senhor e produzirá maior benefício?". No entanto, continuamos perguntando: "O que devo dizer para que pensem que sou homem letrado, exímio pregador e merecedor do aplauso de todos os ouvintes?".

Ao término do sermão, o orgulho ainda os acompanha. Em casa, desejam saber dos familiares como as pessoas reagiram à pregação, se gostaram e quais os elogios feitos. Alegram-se quando percebem que foram tidos em alta conta, pois julgam ter alca nçado sua finalidade. Se, porém, acham que foram tomados por pregadores medíocres ou fracos, desagradam-se porque não receberam o prêmio almejado.

Isso ainda não é tudo nem o pior! Há pastores que são contados como piedosos e que acham lugar na alta estima dos homens, que, não obstante, invejam os nomes e os talentos de irmãos que recebem preferência. Agem como se o louvor dado a outrem tivesse sido roubado deles. Andam no mundo como homens de reputação, mas pisam e vilipendiam os dons de Deus a outros concedidos, quando estes lhes parecem impedir a própria honra! Será possível que um santo pregador de Cristo inveje outro portador da imagem e dos dons de Cristo, o único merecedor de glória, só porque lhes parecem impedir a própria glória? Não é certo que todo cristão verdadeiro é membro do corpo de Cristo e, portanto, participante das bênçãos do corpo e de cada membro em particular? Não é certo também que cada membro deve ser grato a Deus pelos dons de seu irmão, não só porque se beneficia deles, tal como o corpo todo usufrui a direção do olho, mas também porque os fins de Deus são atingidos pelo exercício dos dons em mútuo benefício? Se a glória de Deus e o benefício da Igreja não forem seu alvo, tal homem não estará vivendo como um cristão. Poderá, um trabalhador, falar mal de seus pares que partilham da realização da obra do Mestre? No entanto, tal crime hediondo é comum entre os ministros de Cristo! Podem macular silenciosamente a reputação de seus colegas quando sentirem que lhes barram o caminho. O que não fazem abertamente, por vergonha, para não serem comprovadamente mentirosos e caluniadores, farão dissimuladamente, por meio de sugestões maliciosas, suspeição e, até mesmo, por omissão. Alguns chegam a não permitir que pregadores mais hábeis ocupem seus púlpitos, para que não sejam mais elogiados do que eles mesmos.

Temerária coisa é que homens com um mínimo temor do Senhor invejem de tal maneira dos dons de Deus dados à Igreja. Preferem que seus ouvintes carnais permaneçam sem conversão e que cristãos permaneçam no sono, a que outros pregadores recebam reconhecimento. Isso é tão prevalecente que muitas congregações grandes sequer vêem necessidade da ajuda de pregadores auxiliares. E difícil achar lugares em que dois co-pastores vivam em amor, harmonia e calma, trabalhando juntos para desenvolver, unânimes, a obra de Deus. A não ser que um seja mais bem considerado e o outro se disponha a lhe ser inferior, não haverá trabalho. Um será senhor e tutor do outro, contenderão ambos pela precedência, invejando e estranhando um ao outro-para vergonha do ministério e para o mal da Igreja. Tenho vergonha de dizer que, quando tento convencer pessoas da liderança de grandes congregações sobre a necessidade de ter mais do que um só pastor, os próprios pastores me dizem que não daria certo. Espero que se trate, na maioria das vezes, de opinião infundada, mas é triste que em alguns casos isto seja verdade. Alguns homens são tão orgulhosos que, quando poderiam ter um co-pastor para desenvolver a obra do Senhor, preferem tentar levar o fardo sozinhos, ainda que a carga seja mais pesada do que consigam carregar, só para não compartilharem a honra e para que não lhes diminua a estima do povo.

Outro mal, igualmente pecaminoso, é que muitos homens valorizem demais as próprias opiniões, criticando diferenças mínimas esposadas por outras pessoas, agindo como se diferenciassem do próprio Deus. Esperam que todos se conformem ao seu juízo, como se reinassem sobre a fé da Igreja. Muitos deles denunciam a falibilidade papal, desejando ser, eles mesmos, papas infalíveis aos quais todos deferem. Exibem modéstia, pretendendo que suas razões sejam evidências da verdade às quais esperam que os homens acedam. Para eles, zelo é sempre em nome da verdade e não em função deles mesmos, mas, de fato, tudo que parte deles tem de ser prontamente visto como verdadeiro e válido. Entretanto, quando suas razões são examinadas, e evidenciadas as suas falácias, tornam-se excessivamente lerdos para acolher a crítica. Assumem que sejam razões pessoais e julgam injusto o fato de terem sido publicamente expostos. Defendem seus erros como se fossem causas pessoais. Assumem que as críticas lhes atingem o âmago do próprio ser.

Nosso espírito é tão altivo que, quando alguém, por dever, nos reprova ou contradiz, tornamo-nos impacientes com a questão levantada e com o modo como a questão é colocada. Amamos o homem que compartilha nossa opinião, repete o que dizemos e promove a nossa reputação. Poderá ser que em outros aspectos ele seja menos digno de nossa apreciação. Porém, contra aquele que de nós difere e nos contradiz, certamente o consideraremos ingrato, até mesmo, quando fala a verdade sobre nossos erros e defeitos. Quando os olhos do mundo estão sobre nós, especialmente no gerenciamento de nossa argumentação pública, não suportamos contraditos ou claras críticas. Sabemos que temos de desprezar a linguagem perversa e que devemos ser zelosos em relação à reputação uns dos outros, tanto quanto nos permitir a fidelidade à verdade. Mas o orgulho obriga muitos de nós a pensar que todo aquele que não nos admira nos condena. Além disso, queremos tanto que admirem o que dizemos, que tentamos submeter o juízo das pessoas aos nossos erros mais palpáveis. Somos exageradamente sensíveis; uma pessoa mal nos toca, e sentimo-nos feridos. Somos tão altivos que uma pessoa menos hábil nas artes do elogio não saberá como atingir nossas expectativas fugidias sem que haja uma palavra ou omissão a que nosso espírito se apegue, tomando-a como injuriosa.

Tenho me perguntado, muitas vezes, sobre como é possível que um pecado tão odiento como o orgulho seja tratado com leviandade e, até mesmo, aceito por pessoas de corações e vida santas, enquanto outros pecados bem menores são proclamados em nosso meio, como objeto de alta condenação. A esse respeito, pergunto ainda sobre qual seja a diferença entre pregadores piedosos e pecadores ímpios. Quando nos dirigimos aos pecadores não-convertidos, mundanos e ignorantes, tratamo-los com desprezo e falamos claramente sobre seu pecado, vergonha e miséria. Esperamos que suportem com paciência as nossas palavras e que sejam, além disso, agradecidos. A maioria daqueles com os quais eu trato realmente aceita com paciência a confrontação. Muitos dos grandes pecadores atendem melhor a pregação veemente, dizendo, até mesmo, que preferem a franqueza ao temor de tratar claramente sobre seu pecado. Entretanto, quando nos dirigimos a pastores que têm aparência de piedade, para falar contra seus erros e pecados, se não usarmos de excessiva honra e reverência, de exagerada afabilidade e, até mesmo, misturando recomendações e repreensões, se o aplauso não prevalecer sobre a força da repreensão, tais pastores se sentem extremamente injuriados.
Certamente, não envolvo todos os pastores em tal acusação de orgulho. Para louvor da graça divina, devo enfatizar que há, entre nós, eminentes pastores realmente piedosos, humildes e modestos, que servem de exemplos para o rebanho e para nós mesmos. Vivem para a glória de Deus, e esta lhes será a própria glória. É o que os faz verdadeiramente honrados ante os olhos de Deus e dos homens de bem e, até mesmo, aos olhos dos ímpios. Que o restante de nós seja assim como eles! Infelizmente, não é o caso de todos.

Quisera o Senhor nos colocasse a seus pés em lágrimas de sincera tristeza por causa do pecado do orgulho! Irmãos, seria preciso alongar mais o tratamento do caso do meu e do seu coração, para que nos reformemos? Não é o orgulho o pecado do diabo, o primogênito do inferno? Não é este o reflexo da imagem do inimigo? Porventura deveria ser tolerado, especialmente no coração de homens engajados na luta contra Satanás e suas hostes?

É da própria natureza do evangelho a nossa humilhação; a obra da graça começa e termina na humildade. Humildade não é apenas mero ornamento da vida cristã, mas um aspecto essencial na vida da nova criatura. Ser cristão sem ser humilde é uma contradição de termos. Todo aquele que quiser ser cristão precisará ser discípulo de Cristo: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me" (Mt 16.24); "Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração" (Mt 11.29). Quantos preceitos e exemplos admiráveis a esse respeito o nosso Senhor e Mestre nos deu! Poderíamos, vendo-o lavar os pés dos discípulos, prosseguir sendo orgulhosos? Receberia ele as pessoas mais simples, e nós as evitaríamos como se a ambos fôssemos superiores? Quantos de nós nos encontramos mais na casa dos nobres do que no lar dos pobres — quem mais precisa de nossa ajuda? Há, entre nós, muitos que consideram uma indignidade o passar o dia com os mais necessitados para instruí-los no caminho da vida e da salvação. Seríamos responsáveis apenas pelas almas dos ricos! Que tão grandes feitos temos realizado para que nos orgulhemos tanto?

De que nos orgulhamos? Do nosso corpo? Não é ele composto do mesmo material que os corpos dos homens que discriminamos? Em pouco tempo, não será um cadáver em repugnante decomposição? Ou teríamos orgulho de nossas graças? Quanto mais nos orgulharmos, menos teremos de que nos orgulhar. É absurdo que abriguemos orgulho espiritual no coração, sabendo que a humildade é parte essencial da natureza da graça. Seria em função de nosso conhecimento e preparo intelectual? Se realmente temos algum conhecimento, deveríamos conhecer as razões para nossa humilhação. Se realmente conhecemos mais do que os outros, deveríamos conhecer mais as razões para sermos humildes. Quão pouco sabemos mais do que os ignorantes, diante da imensidade do saber! O fato de termos consciência de quanto foge à nossa capacidade para conhecer, e de quanto somos ignorantes, não deveria ser motivo de orgulho. Os demônios porventura não conhecem mais do que nós? Deveríamos ter orgulho daquilo em que os demônios nos excedem? Nosso mister é o de ensinar ao povo a grande lição da humildade - deveríamos ter orgulho disso? Havemos de estudar a humildade, pregara humildade,possuirahumildade-praticandoahumildade! Umpregador orgulhoso da própria humildade a si mesmo condena naquilo que aprova.

Desejo tratar, de modo íntimo e sincero, com seu e meu próprio coração. Rogo aos irmãos que considerem isto: haverá salvação em nossa pregação sobre a graça da humildade, se nós mesmos não a possuirmos? De que nos adiantará falar contra o pecado do orgulho quando somos, nós mesmos, orgulhosos? Muitos de nós teríamos de fazer diligente auto-exame para saber se nossa sinceridade é congruente com a medida de orgulho que sentimos. Dizemos ao alcoólatra que ele tem de se arrepender para a salvação, e ser moderado; dizemos ao fornicador que ele não poderá ser salvo a menos que se arrependa e abandone o pecado; não teríamos boa razão para dizer a nós mesmos que nossa humilhação evidencia nossa salvação? Na verdade, o orgulho é pecado maior do que o da embriaguez ou da lascívia. A humildade é tão necessária como a sobriedade e a castidade. Como pode o homem andar nos caminhos do inferno enquanto prega insinceramente o evangelho e o aparente zelo de uma vida santa, tal como se estivesse no caminho da embriaguez e da imundícia? O que é santidade, senão devoção a Deus e dedicação à pureza de vida? O que é falta de santidade senão devoção ao ego e dedicação à satisfação dos desejos da carne? E quem vive mais para si mesmo e menos para Deus do que o homem orgulhoso?

Não é possível que um pregador pareça suplantar a todos no estudo, na oração e na pregação, e esteja vivendo para si mesmo, motivado pelo orgulho? Sem os princípios e fins acertados, nenhuma obra testificará nossa retidão. A obra será a de Deus, mas poderá ser que não a realizemos para Deus, mas para nós mesmos. Confesso sentir tal perigo nesse sentido, e permaneço vigilante para que não estude por mim mesmo nem pregue por mim mesmo, ou escreva por mim mesmo em vez de viver por e para Cristo. Não justifico a mim mesmo quando tenho de condenar o pecado.

Tenham zelo de si mesmos e, entre todos os estudos, estudem sobre a humildade. "Quem se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar, será exaltado" (Mt 23.12). Observo que quase todo homem, bom ou mau, despreza o orgulhoso e ama o humilde. O orgulho é tão incongruente que, consciente de sua própria deformidade, muitas vezes, empresta as roupas simples da humildade. Temos maior razão de zelar pela humildade, porque o orgulho é um pecado firmemente arraigado à natureza humana e difícil de ser extirpado da alma.

Fonte: Livro: Manual pastoral de discipulado

Jesus - A Simples Verdade

sábado, 24 de setembro de 2011

Você já nasceu de novo? - J. C. Ryle





Já nasceu de novo? Essa é uma da perguntas mais importantes da vida. Jesus Cristo disse: “aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3).

Não basta responder: “Pertenço à igreja; suponho que sou cristãos”. Milhares de cristãos nominais não demonstram nenhum dos sinais de terem passado pelo novo nascimento que as Sagradas Escrituras nos proporcionam, muitas delas registradas na Primeira epístola de João.

Não comete habitualmente pecados.

Primeiro, João escreveu: “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado” (1 João 3:9). “todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando” (1 João 5:18, Almeida Revisada Imprensa Bíblica)
A pessoa que é nascida de novo, ou que tenha sido regenerada, não comete habitualmente pecado. Já não peca com seu coração nem com sua vontade. Provavelmente houve uma época quando não pensava se suas ações seriam pecaminosas ou não, e nem sempre sentia pesar depois de ter feito o mal. Não existiam problemas entre ele e o pecado – eram amigos – porem, o cristão autêntico odeia o pecado, foge dele, luta contra ele, o considera sua maior praga, ressente da carga de sua presença, sente quando cai debaixo de sua influência e anela livrar-se totalmente dele. O pecado já não lhe agrada e nem mesmo lhe é algo indiferente – agora veio a ser algo que odeia. Não obstante, não pode eliminar sua presença dentre de si mesmo.

Se ele afirmasse que não tem pecado, estaria mentindo (1 João 1:8). Porem, poder dizer que odeia o pecado e que o grande anseio de sua alma é não voltar a cometer nenhum pecado. Não pode impedir maus pensamentos, nem que faltas, omissões e defeitos apareçam tanto em suas palavras como em suas ações. Ele sabe que “todos tropeçamos em muitas coisas” (Tiago 3:2)

Porem, o nascido de novo pode afirmar com certeza, na presença de Deus, que essas coisas lhe causam dor e tristeza, e que sua natureza inteira não as aceita. O que diria de você o apóstolo? Nasceu de novo?

Crê em Cristo

Segundo João escreveu: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus” (1 João 5:1)

O homem que é nascido de novo, ou é regenerado, crê que Jesus Cristo é o único Salvador que pode perdoar sua alma, que é a pessoa divina designada por Deus Pai justamente para esse propósito, e fora Dele não há nenhum Salvador. Considera-se indigno. Porem tem plena confiança em Cristo, e confiando nele, crê que todos seus pecados foram perdoados. Crê que, porque aceitou a obra consumada de Cristo e a morte na cruz, é considerado justo aos olhos de Deus, e pode encarar a morte e o juízo sem temor.

Pode ter temores e dúvidas. Talvez diga às vezes que se sente como que não possuindo nada de fé. Porem, pergunte-lhe se está disposto a confiar em outra coisa em lugar de Cristo, e observe a resposta. Pergunte-lhe se está disposto a basear sua esperança de vida eterna em sua própria bondade, em suas próprias obras, em suas orações, em seu pastor ou em sua igreja, e note a resposta que dará. O que diria de ti o apóstolo? Nasceste de novo?

Pratica a justiça

Terceiro, João escreveu: “todo aquele que pratica a justiça é nascido dele.” (1:João 2:29).

O homem nascido de novo, ou regenerado, é um homem santo. Procura viver de acordo com a vontade de Deus, fazer as coisas que agradam a Deus e evitar as coisas que Deus aborrece. Deseja continuamente basear seu exemplo no exemplo de Cristo, e dar mostras de ser amigo de Jesus fazendo tudo o que Ele ordena. Sabe que não é perfeito. Percebe, com aflição, sua corrupção interior. Têm consciência de um princípio maligno dentro de si mesmo que luta constantemente contra a graça e que deseja tratar de afastá-lo de Deus. Porem não consente com esse mal, ainda que não possa impedir sua presença dentro de si.

Ainda que as vezes pode se sentir tão baixo que questiona se é ou não cristão, poderá afirmar com John Newton: “ Não sou o que devo ser, não sou o que quero ser, não sou o que espero ser no mais além; porem, ainda assim, não sou o que era, e pela graça de Deus sou o que sou” O que o apóstolo diria de você? Já nasceu de novo?

Ama aos demais cristãos

Quarto, João escreveu: “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos” (1 João 3:14)

O homem que nasceu de novo tem um amor especial por todos os autênticos discípulos de Cristo. Igualmente como seu Pai nos céus, ama a todos os homens com um grande amor geral, porem tem um amor especial pelos que compartem sua fé em Cristo. Tal como seu Senhor e Salvador, ama aos piores pecadores e pode chorar por eles – mas possui um amor particular pelos que são crentes. Nunca se sente tão em casa como quando está na companhia deles. Sente que todos são membros da mesma família. São seus companheiros de armas, lutando todos contra o mesmo inimigo. São seus companheiros de viagem, viajando pelos mesmo caminho. Compreende-lhes, e eles compreendem a ele.

Eles podem ser entre si muito distintos de muitas formas: no status, na posição e nas riquezas. Porem, isso não importa. São os filhos e filhas de seu Pai e não pode menos que amar-lhes. O que João dirá de você? Nasceu de novo?

Vence ao mundo

Quinto, João escreveu: “todo o que é nascido de Deus vence o mundo” ( 1 João 5:4)

O homem que nasceu de novo não usa a opinião do mundo como sua norma com relação ao bom e ao mal. Não importa para ele ir contra a corrente das condutas, ideias e costumes do mundo. O que dizem ou fazem os demais já não lhe preocupa. Vence ao amor do mundo. Não encontra prazer nas coisas que parecem trazer felicidade à maioria das pessoas. A ele lhe parece néscias e indignas de um ser imortal.

Ama aos elogios de Deus mais que os elogios do homem. Teme ofender a Deus mais do que ofender aos homens. Não é importante para ele se o culpam ou se o elogiam, sua meta principal é agradar a Deus; o Que diria João? Já nasceu de novo?

Mantêm-se puro

Sexto, João escreveu: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca” (1 João 5:18)

O homem que tem nascido de novo cuida de sua própria alma. Procura não somente evitar ao pecado, mas também tudo o que possa o levar a ele. É cuidadoso de suas companhias. Sabe que as conversas ímpias corrompem o coração e que o mal é mais contagioso que o bem, assim como uma enfermidade é mais contagiosa que a saúde. É cuidadoso quanto ao uso de seu tempo, seu desejo principal é usar ele com proveito.

Anela viver como um soldado em território inimigo – aspira usar continuamente sua armadura e estar preparado para a tentação. É diligente em ser um homem vigilante, humilde e de oração. O que diria de ti o apóstolo? Já nasceu novamente?

A prova
Essas são as seis grandes características do cristão que nasceu de novo. Existe uma grande diferença na profundidade e claridade dessas características em distintas pessoas. Em algumas são frágeis e quase não se percebem. Em outras, são fortes, claras e inconfundíveis, de modo que qualquer um as notam. Algumas dessas características são mais visíveis que outras em cada um. Rara vez são todas igualmente evidentes em uma dada pessoa.

Porem, ainda assim, tendo tudo em conta, aqui encontramos gravadas seis características daquele que é nascido de Deus.

Como regiremos a essas coisas? Podemos, por lógica, chegar a uma só conclusão: somente os que são nascidos de novo possuem essas seis características, e os que não as tem não são nascidos de novo. Essa parece ser a conclusão a qual o apóstolo João queria que chegássemos.

Você possui essas características?

Fonte: Bispo J. C. Ryle
Jesus A Simples Verdade

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A Doutrina da Salvação Só Pela Graça


Uma das maiores e mais preciosas doutrinas da Bíblia é a da graça de Deus, da salvação somente pela graça. Mesmo uma leitura perfunctória da Bíblia, especialmente do Novo Testamento, mostrará que a salvação e todas as bênçãos da vida cristã são resultado da graça de Deus. Vejamos numa incursão rápida pelo Novo Testamento qual é o lugar que a graça ocupa em toda a nossa vida espiritual.

1 - A eleição é pela graça.

“Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a elei­ção da graça. E se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rom 11:5,6).

2 - Jesus é a personificação da graça.

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade... To­dos nós temos recebido da sua plenitude, e graça sobre graça. Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo.1:14,16,17). “Conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza vos tornásseis ricos” (2Cor 8:9).

3 - A Salvação é pela graça.

“Pela graça sois salvos por meio da fé” (Ef 2:8). “Porquanto a graça de Deus se manifes­tou salvadora a todos os homens” (Tito 2:11).

4 - A Justificação e o Perdão dos pecados são pela graça.

“Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rom 3:24). “No qual te­mos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, se­gundo a riqueza da sua graça” (Ef 1:7).

5 - A Fé é pela graça.

“Tendo chegado, auxiliou muito aqueles que mediante a graça haviam crido” (At 18:27).

6 - A graça capacita-nos a servir.

“Pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça que me foi concedida, não se tornou vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus comigo” (1Cor 15:10).

7 - Graça capacita-nos a ser pacientes e perseverantes.

“Então me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2Cor 12:9). “Acheguemo-nos portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportu­na” (Heb 4:16).

8 - Devemos crescer na graça.

“Crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3:18).

9 - A plenitude de nossa salvação na segunda vinda de Cristo será uma nova expressão da graça de Deus.

“Cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo” (1Pe.1:13).


10 - Por toda a eternidade os salvos serão um monumento da graça de Deus.

“Em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo... para louvor da glória de sua graça” (Ef 1:5,6). “Para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus” (Ef 2:7).

Vemos, conseqüentemente, a singularidade do papel que a graça de Deus desempenha em todo o plano de nossa salvação. Desde toda a eternidade fomos eleitos por graça de Deus. No devido tempo, esta graça foi revelada, em toda a sua beleza, por Jesus Cristo. Por esta graça é que somos salvos, isto é, justificados e perdoados mediante a fé, a qual em si mesma é um resultado da graça. Esta mesma graça, que trouxe salvação às nossas almas, capacita-nos a servir a Deus e dá-nos força para suportar todos os sofrimentos a que estamos sujeitos neste mundo e a perseverar até ao fim. Nesta graça estamos firmes (Rom 5:2) e crescemos. A segunda vinda de Cristo será nova revelação de graça, e por toda a eternidade a infinita graça de Deus resplandecerá em nós, para Seu eterno louvor e glória.

Que é graça?

“Graça é favor gratuito, não merecido, mostrado, aos indignos dele. Se a redenção fosse devida a todos os homens, ou se fosse uma compensação necessária à responsabilidade deles, não poderia ser gratuita, e o dom de Cristo não poderia ser uma expressão supe­rior do livre favor e amor de Deus. Só poderia ser uma revelação de Sua retidão. Mas as Escrituras declaram que o dom de Cristo é uma expressão sem pa­ralelo de amor gratuito, e que a salvação procede da graça... E todo verdadeiro crente reconhece a graciosidade essencial da salvação, como um elemento in­separável de sua experiência. Dai as doxologias do céu. — 1Cor 6:19,20; 1Pe 1:18,19; Ap 5:8-14. Contudo, se a salvação é pela graça, então obviamente é compatível com a justiça de Deus salvar a todos, a muitos, a poucos, ou a ninguém, como lhe aprouver”. [1]

“A graça, por sua própria natureza tem de ser livre ou gratuita; e a diversidade ou disparidade de sua dis­tribuição (ou manifestação) demonstra que é de fato gratuita. Se alguém pudesse com justeza exigi-la, dei­xaria de ser graça para se tornar débito. Se neste particular nega-se a Deus Sua soberania, a salvação então se torna uma questão de divida para com todas as pessoas”. [2]

É interessante notar que Paulo associa esta doutrina de salvação exclusivamente pela graça à doutrina da total depravação e, por conseguinte, à doutrina do novo nascimento. “Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo — pela graça sois salvos e juntamente com ele nos ressuscitou... para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2:4-9). Se estamos mortos em delitos e pecados, não podemos viver para Deus se Ele não nos criar es­piritualmente por seu infinito poder. Esse criar de novo é uma como ressurreição ou novo nascimento, como já vimos. E Deus não tem nenhuma obrigação de fazer isso. Se o faz, é por pura graça e misericórdia. E se é pela graça, Ele pode salvar a todos, a muitos, a poucos, ou a ninguém, como Lhe aprouver. Como disse Paulo, citando palavras de Deus dirigidas a Moisés, “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.” (Rm 9:15,16).

Assim escreveu o Dr. James Moffatt em seu excelente livro Grace in the New Testament, p. 172, 173:

“Quando os que experimentam a graça de Deus refletem na origem dela, que é a vontade do mesmo Deus, o resultado instintivo é a doutrina da eleição. Os crentes descobrem que devem sua posição não a qualquer habilidade sua de penetrar na fé, mas devem-na à cha­mada e escolha do próprio Deus, que os distinguiu com esse privilégio. Sabem que foram escolhidos pela gra­ça e portanto não o foram por nada que tivessem feito; de outro modo a graça deixaria de ser graça (Rom 11:6). O primeiro passo foi dado por Deus, e muito antes que eles se apercebessem de que precisavam de salvação. Foi um movimento livre, gracioso da Vontade eterna. Paulo não pôde explicar de outro modo por que ele ou qualquer outro foi escolhido para ser membro da Igreja de Deus. Devia ter sido Deus, e Deus foi movido pelo amor”.
Autor: Samuel Falcão
Fonte : Estudos Gospel
Jesus A Simples verdade

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Conselho aos Pastores: Como Ajudar o Seu Povo a Encontrar Mais Satisfação em Deus



1. Ame a Deus com todo o seu coração, alma, mente e força na presença de outras pessoas. Fazer isso é contagioso.

2. Ame outras pessoas com o poder da graça de Deus. Isto é, mostre-lhes, na forma como as ama, a beleza do amor de Cristo.

3. Conte histórias sobre aqueles que se extasiaram com a beleza e a glória de Deus. Histórias verídicas sobre a experiência de outras pessoas com a excelência de Deus são reveladoras.

4. Descreva o valor de Deus – a sua riqueza – em termos leigos.

5. Ensine às pessoas como orar para a transformação dos seus próprios corações, ou seja, ensine-os a orar com os salmistas: “Inclino o meu coração para os Seus testemunhos e não para obter lucro”.

6. Seja um modelo de meditação e reflexão sobre a palavra de Deus para as outras pessoas. A maioria das pessoas não sabe como interpretar uma palavra, uma frase ou uma oração da escritura; limita-se a memorizá-las e a pensar nelas, interpretá-las de forma diferente, fazer muitas perguntas e aplicá-las a situações diferentes das suas vidas e a pensar em situações semelhantes. Mas é precisamente através desta actividade intelectual que se consegue alcançar a clarividência da alma.

7. Mostre às pessoas como encontrar promessas específicas, interessantes na Bíblia. Quando São Paulo, na carta aos Romanos 15:13, diz: "Que o Senhor da esperança vos encha de alegria e paz na vossa fé...”, ele está a dizer que a alegria e a paz se elevam à medida que confiamos nas promessas preciosas e grandiosas de Deus. As pessoas precisam de ir à procura de promessas específicas, mantê-las nas suas mentes e ir pensando nelas durante o dia.

8. Ore pelo seu povo para que os seus corações se enterneçam e fiquem mais susceptíveis à beleza de Cristo.

9. Ajude o seu povo a desligar a televisão. Há poucas coisas na nossa cultura que nos inibam espiritualmente de tal modo como a televisão. Mesmo os programas apelidados de “bons” são, de uma maneira geral, banais, pouco estimuladores do intelecto e estão longe de serem considerados enriquecedores e de cultivarem a capacidade de gozarem de Deus. Além disto, se considerarmos o impedimento dos anúncios que acompanham quase todos os programas, não é de estranhar que muitos dos nossos Cristãos praticantes sejam espiritualmente incapazes de ter pensamentos elevados e emoções profundas.

10. Aconselhe ao seu povo biografias centradas em Deus. O sofrimento e os triunfos dos Cristãos que conheceram a glória e a grandeza de Deus são interessantes e reveladores.

11. Mostre ao seu povo como transpor as alegrias advindas de acontecimentos naturais para o júbilo em Deus. Ou seja, mesmo aqueles que não se rejubilam têm uma ou outra coisa nas suas vidas que os tornam felizes. Pode ser a família. Pode ser uma noite estrelada no meio da escuridão. Pode ser a pesca. Ajude-os a fazer a transposição, isto é, para seguir a alegria presente nas suas almas e transpô-la para o plano sobrenatural através de um acto de fé em Deus, aquele que criou a família ou o céu nocturno ou a pesca. Ajude-os a perceber que todas as coisas verdadeiramente maravilhosas neste mundo, que despertam os prazeres nos seus corações, são prendas de Deus e são reflexos do seu carácter e da sua bondade. Se as pessoas são capazes de se deleitarem em coisas naturais, então, pela graça do Espírito Santo, também serão capazes de transpor essas mesmas alegrias para um plano superior e, assim, descobrir a alegria em Deus.

12. Chame as pessoas para a confissão e para a renúncia dos pecados que as fazem sentir uma fraude e que bloqueiam a verdadeira afecção por Deus.

13. Ensine-os sobre a necessidade e o valor do sofrimento na vida Cristã e como não tem sentido compará-lo à glória que se revelará.

Estas são algumas das coisas que poderão ajudar o seu povo.
Penso que as coisas que mais ajudam são simplesmente cuidar da sua própria alma e o que faz com que Deus se incline para si, e depois partilhar isto com os outros.
Bençãos para aqueles que desempenham a importante tarefa de fazer nascer a alegria em Deus na sua congregação.

Por John Piper Sobre Ministério Pastoral

Tradução por Benedita Júdice

Jesus - A Simples Verdade

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Pastor e o Seu Púlpito - Integridade Ministerial

Uma Parte da série A Pastor's Perspective

Tradução por Filipe Niel

“A vida de um ministro é a vida de seu ministério.” Este provérbio é tão verdadeiro hoje quanto sempre foi. De fato, integridade ministerial é um elemento indispensável para que se sustente qualquer credibilidade entre um povo com discernimento com o qual tenhamos intimidade pastoral. Tal intimidade nos deixa vulnerável para sermos conhecidos por quem e o que nós realmente somos em relação à verdade salvadora na qual trafegamos. Em um relacionamento de pastor-rebanho caracterizado pela descrição bíblica, no qual intimidade mútua é essencial (João 10.14), integridade consistente e compreensiva é um imperativo para qualquer um que deseja ter um ministério que seja atrativo e de credibilidade.

Este curto artigo não me permite identificar as muitas categorias nas quais integridade deve ser zelosamente desejada, diligentemente perseguida e cuidadosamente mantida. Algumas dessas categorias são tratadas nos artigos anteriores. Eu vou tocar em três áreas de suprema importância, sendo elas, integridade pessoal, doméstica e ministerial. De suprema importância é a integridade pessoal. Talvez nenhum outro texto das Escrituras tenha resumido de forma tão sucinta e ainda bem compreensiva como a integridade pessoal deva ser mantida do que Atos 24.16. Paulo disse a Felix: “Por isso, também me esforço por ter sempre consciência pura diante de Deus e dos homens.” Este texto revela que no coração da integridade está a determinação de viver de maneira confortável na presença de Deus com uma consciência pura. Manter uma consciência livre de ofensas nas câmaras secretas de nossos pensamentos, nas águas sombrias de nossas motivações, em nossas imaginações e fantasias. Isso significa poder sair de frente de nossos computadores ou TVs com uma consciência saudável e sem condenação. Se a consciência for violada correrá rapidamente à fonte aberta para o pecado e a impureza. Devemos resolver com o salmista “Em minha casa viverei de coração integro. Repudiarei todo o mal.” (Salmos 101.2–3). Este homem conhece a idéia de se arrancar um olho e a impiedosa amputação de uma mão ofensora. Qualquer coisa que manche a sua consciência e perturbe o seu andar confortável com Deus deve ser retirado de sua vida rapidamente.

Em seguida, o Apóstolo afirma que sem uma boa dose de integridade doméstica, nenhum homem deve ser feito bispo na casa de Deus (1 Tm 3.4-5). Um pastor deve ter uma conduta de forma a ter o controle da consciência dos membros de sua família através da integridade consistente de sua vida. Nossas esposas e filhos deveriam ser capazes de dizerem a si mesmos e aos outros “se todos os outros pregadores da face da terra são falsos, meu esposo, meu pai é integro.” Isto significa que você deve estar disposto a admitir e confessor os seus pecados de palavra, atitude ou ato a sua esposa e aos seus filhos. Sem resmungar um “me desculpe”; ao contrário, “Eu pequei” e dar nome ao pecado. “Você poderia me perdoar como Deus em Cristo me perdoou?” Então, deixe os membros de sua família ver frutos de arrependimento em sua vida, evidências de que você se arrependeu e decidiu se esforçar para mortificar o pecador que temporariamente desfigurou seu testemunho. Isto é “viver de coração íntegro em sua casa”.

Para finalizar, existe a integridade ministerial. Ela se relaciona com as duas maiores áreas o chamado e a responsabilidade ministerial, especialmente para aqueles presbíteros “cujo trabalho é a pregação e o ensino” (1 Tm 5.17). Se quisermos manter integridade em nossas pregações precisaremos pagar o preço conectado com qualquer esforço sincero de cumprir a determinação de 2 Timóteo 2.15 “procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade”. Para produzir sermões semana após semana, e ano após ano, que sejam estrategicamente corretos, sãos em suas doutrinas, possuam ilustrações que ajudem ao ouvinte, homiléticamente limpos, aplicados de maneira prática e cobertos com a fragrância de Cristo e os grandes indicativos da graça. Será necessário trabalho, trabalho, e mais trabalho. A manutenção de nossa integridade não poderá ser percebida de nenhuma outra forma.

Da mesma forma, integridade em governar e pastorear o rebanho de Deus irá demandar o que Paulo chama de “trabalho de parto” para que Cristo possa ser formado em Seu povo (Gálatas 4.19). Os aspectos especiais deste trabalho são; oração intercessora, encorajamento pessoal e intencional, e admoestação – mesmo que quanto mais você ame as ovelhas desta maneira, menos você será amado (Colossenses 1.28; 2 Coríntios 12.15).

Em sua exortação aos presbíteros da igreja da Ásia menor, Pedro enfatiza esta questão crucial. Tendo os desafiado a “pastorear o rebanho de Deus”, ele alista atitudes pecaminosas que não devem nunca caracterizar a motivação e a maneira pela qual eles cumprem a tarefa de pastorear o rebanho de Deus. O ponto crucial de sua exortação é “sejam exemplos para o rebanho” (1 Pedro 5. 1-3). Este tipo de homem tem suas consciências certificadas pela ordem de Paulo a Tito: “em tudo seja você mesmo um exemplo para eles” (Tito 2.7).

Sim, é verdade, que “a vida de um ministro é a vida de seu ministério.”

Jesus - A Simples Verdade

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A Verdadeira Igreja



A Natureza da Igreja

Tradução por Editora Fiel

Desejo que você pertença à verdadeira igreja, fora da qual não existe salvação. Não estou perguntando: “Aonde você vai aos domingos?” Simplesmente quero saber: “Você pertence à verdadeira igreja?”

Onde se encontra esta igreja? Quais suas características? Que marcas podem identificá-la? Talvez você faça estas perguntas. Preste atenção, lhe apresentarei algumas respostas.

1. A verdadeira igreja é constituída de todos os crentes no Senhor Jesus. É formada por todos os eleitos — homens e mulheres convertidos, verdadeiros cristãos. Em todo aquele que é capaz de reconhecer a eleição de Deus, o Pai, a aspersão do sangue de Deus, o Filho e a obra santificadora de Deus, o Espírito Santo — neste podemos ver um membro da verdadeira igreja de Cristo.

2. A verdadeira igreja possui membros que manifestam as mesmas características. Todos foram nascidos de novo por intermédio do Espírito Santo; possuem “o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor, Jesus Cristo”, bem como santidade em sua vida e conversa. Todos odeiam o pecado e amam a Cristo. (Adoram-No de maneiras e formas diferentes: alguns utilizam orações escritas, outros, as suas próprias palavras; alguns adoram ajoelhados, outros, em pé; mas todos adoram com todo o seu coração.) São guiados pelo Espírito Santo, edificam sua vida espiritual sobre o mesmo fundamento e aprendem sua religião de um único Livro — a Bíblia. Todos centralizam-se na mesma pessoa — Jesus Cristo; podem agora cantar unânimes, com inteireza
de coração: “Aleluia!”, e responder a uma voz: “Amém, Amém”.

3. É uma igreja que não depende de qualquer ministro do evangelho, ainda que ela valoriza muito aqueles que o pregam a seus membros. A vida espiritual deles não está atrelada à sua membresia na igreja local, ou ao seu batismo, ou à sua participação na Ceia do Senhor, embora valorizem grandemente estas coisas, quando elas são realizadas.

A verdadeira igreja possui apenas um Cabeça, Pastor e Bispo — Jesus Cristo. Somente Ele, por intermédio de seu Espírito, recebe os membros desta igreja, embora os ministros do evangelho mostremlhes a porta. Enquanto Ele não abrir a porta, nenhum homem poderá fazêlo — nem bispos, nem presbíteros, nem concílios ou sínodos. Quando o homem se arrepende e crê no evangelho, neste momento ele se torna membro desta igreja. Assim como o ladrão arrependido, o homem que se arrepende e crê talvez não tenha ocasião para ser batizado. Mas ele tem algo que é superior a qualquer batismo: o batismo do Espírito. Talvez ele não possa receber o pão e o vinho na Ceia do Senhor, mas se alimenta do corpo e do sangue de Cristo por meio da fé que a cada dia ele manifesta; e nenhum pastor ou sacerdote é capaz de impedi-lo. Homens consagrados ao ministério podem excomungá-lo e privá-lo da participação nas ordenanças exteriores da igreja professa; no entanto, todos os homens do mundo não são capazes de expulsá-lo da verdadeira igreja.

A existência da verdadeira igreja não depende de formas, cerimônias, grandes edifícios, púlpitos, vestes, instrumentos musicais, talentos, dinheiro, reis, governos, magistrados ou qualquer atos de favor da parte dos homens. Ela tem sobrevivido e permanecido mesmo quando todas essas coisas lhe foram retiradas. A verdadeira igreja tem sido expulsa para os desertos ou para as cavernas e antros da terra, por aqueles que deveriam ter sido seus amigos. Sua existência não depende de nada, exceto da presença de Cristo e do Espírito Santo. E, se Eles estão sempre ao lado da igreja, esta não poderá desaparecer.

4. A verdadeira igreja tem o direito bíblico de honra e privilégios no presente e as promessas da glória eterna, no futuro. Ela é o corpo e o rebanho de Cristo, a família e a casa de Deus; é o edifício construído por Deus e o templo do Espírito Santo. Ela é a igreja dos primogênitos, cujos nomes estão arrolados nos céus. A verdadeira igreja é o sacerdócio real, a nação eleita, o povo que pertence exclusivamente a Deus, a herança adquirida, a habitação de Deus, a luz do mundo, o sal e o trigo da terra. É a “santa igreja católica”, do credo apostólico, a “igreja católica e apostólica”, do credo niceno. A verdadeira igreja é aquela para a qual o Senhor Jesus prometeu: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela”; e: “Eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 16.18; 28.20).

5. É a única que possui verdadeira unidade. Seus membros concordam unanimemente em todas as grandes verdades do cristianismo, pois o Espírito Santo os instrui. No que diz respeito à pessoa de Deus, de Cristo e do Espírito Santo e no que se refere ao pecado, a seus próprios corações, à fé, ao arrependimento, à necessidade de santidade, ao valor da Bíblia, à importância da oração, à ressurreição e ao julgamento vindouro — em todos estes assuntos, eles possuem o mesmo pensamento. Converse com três ou quartos dentre eles, que não conhecem um ao outro, dos mais remotos lugares da terra; verifique separadamente suas opiniões sobre estes assuntos: descobrirá que todos demonstram o mesmo entendimento.

6. É a única igreja que possui a verdadeira santificação. Seus membros são santos, não apenas porque professam e têm esse nome ou porque, devido à sua caridade, os outros o reputam como santos. Eles realmente são santos em atitudes, vida e verdade. Todos eles se conformam à imagem de Jesus Cristo. Nenhum homem ímpio pertence a esta igreja.

7. É a única igreja verdadeiramente católica. Não pertence a um povo ou a uma nação. Seus membros se encontram em todas as partes do mundo, onde quer que o evangelho seja recebido pelas pessoas e estas creiam nele. Não está confinada às fronteiras de qualquer país ou enclausurada no âmbito de quaisquer formas de governo. Nesta igreja, não existe qualquer diferença entre judeus e gentios, pretos e brancos, episcopais e presbiterianos — a fé em Cristo é tudo que importa. O membros da verdadeira igreja serão reunidos do norte, do sul, do leste e do oeste; procederão de todas as línguas e nações — Em Cristo, eles serão um.

8. É a única igrejaverdadeiramente apostólica. Está edificada sobre os fundamentos dos apóstolos e mantém as doutrinas que eles pregaram. Os dois grandes alvos de seus membros são a fé e a prática dos apóstolos. E seus membros consideram como “bronze que soa” e “címbalo que retine” a pessoa que professa seguir os ensinos dos apóstolos e não possui esses dois grandes alvos.

9. É a única igreja que com certeza permanecerá até ao fim. Nada pode destruí-la ou vencê-la. Seus membros são perseguidos, aprisionados, oprimidos, decapitados, afligidos e lançados ao fogo; mas a verdadeira igreja jamais foi extinta. Ela sempre ressurgiu de suas tribulações; sobreviveu ao fogo e a água. Quando desarraigada de um país, ela brotou em outro. Os faraós, Herodes, Neros e as Marias Sanguinárias têm se esforçado em vão para destruir essa igreja. Assassinam os seus milhares de membros e, em seguida, morrem, indo para seu próprio lugar. A verdadeira igreja sobrevive a todos eles e os vê perecer, cada um a seu tempo. Ela é uma bigorna que já quebrou e ainda destruirá muitos martelos neste mundo; é uma sarça que está sempre ardendo em fogo, mas não se consome.

10. É a única igreja cujos membros jamais perecerão. Uma vez que se tornem parte dessa igreja, os pecadores estão salvos por toda a eternidade; jamais serão lançados fora. A eleição da parte do Pai, a contínua intercessão do Filho e o poder santificador do Espírito Santo os cerca e protege tal como um jardim fechado. Nenhum dos ossos do corpo místico de Cristo jamais será quebrado; nenhuma ovelha do rebanho de Cristo jamais será arrebatada de suas mãos.

11. A verdadeira igreja realiza a obra de Cristo na terra. Seus membros constituem um pequeno rebanho; comparados aos filhos do mundo, seus membros são poucos em número. Um ou dois aqui, dois ou três ali; um pequeno grupo aqui, outro ali. Mas estes membros são aqueles que transtornam o mundo. Eles, por meio de suas orações, mudam o destino dos povos; são trabalhadores enérgicos na obra de propagar o conhecimento da verdadeira e pura religião; são o escudo, a defesa, a coluna e o suporte de qualquer país ao qual pertencem.

12. É a igreja que será realmente gloriosa no final de todas as coisas. Quando toda a glória terrena houver desaparecido, a igreja será apresentada sem mácula diante do trono de Deus. As potestades, os principados e poderes deste mundo se tornarão em nada. As dignidades, as posições elevadas e a sabedoria humana — todas passarão; mas, no final, a igreja dos primogênitos resplandecerá como as estrelas do firmamento e será apresentada com júbilo diante do trono do Pai, no dia da manifestação visível de Cristo. Quando as jóias do Senhor Jesus estiverem completas e os filhos de Deus se tornarem manifestos, episcopais, presbiterianos e congregacionais não serão mencionados; somente uma igreja será conhecida naquele dia, a igreja dos eleitos.

Leitor, esta é a verdadeira igreja à qual o homem tem de pertencer, se deseja ser salvo. Enquanto você não pertencer a esta igreja, sua alma estará perdida. Talvez você tenha a forma, a casca e a aparência da religião, mas não possui a essência e a vida. Sim, é provável que você desfrute de muitos privilégios visíveis, de bastante luz e de conhecimento — mas, se não pertence ao corpo de Cristo, sua luz, privilégios e conhecimento não lhe salvarão a alma.

Infelizmente, hoje prevalece muita ignorância sobre este assunto. Os homens imaginam que, se fazem parte desta ou daquela igreja, ou recebem a comunhão, ou passam por esta ou aquela cerimônia, tudo está bem com sua alma. Isto é iludir-se completamente e cometer um terrível engano. Nem todas as pessoas da nação de Israel eram, de fato, israelitas; nem todos os que professam ser membros do corpo de Cristo são verdadeiramente crentes. Preste atenção: você pode ser um convicto anglicano, batista, metodista, presbiteriano, etc., e, apesar disso, não pertencer à verdadeira igreja. E, se não pertence, seria melhor não haver nascido.

Jesus - A Simples Verdade