Jesus - a Simples Verdade

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

É Jesus o único caminho para o Céu?







Pergunta: "É Jesus o único caminho para o Céu?"

Resposta: Basicamente eu sou uma boa pessoa, então eu vou para o Céu.” "OK, então eu faço algumas coisas ruins, mas eu faço mais coisas boas, então eu vou para o Céu.” "Deus não vai me enviar para o inferno só porque eu não vivo de acordo com a Bíblia. Os tempos mudaram!” “Apenas pessoas realmente más como molestadores de crianças e assassinos vão para o inferno.”

Todas estas são conclusões comuns entre a maioria das pessoas, mas a verdade é que elas são todas mentiras. Satanás, que tem poder sobre o mundo, planta estes pensamentos nas nossas mentes. Ele, e qualquer um que segue os seus caminhos, é um inimigo de Deus (1 Pedro 5:8). Satanás sempre se disfarça como bom (2 Coríntios 11:14), mas ele tem controle sobre todas as mentes que não pertencem a Deus. “...[Satanás, ] o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2 Coríntios 4:4).

É uma mentira acreditar que Deus não se importa com pecados menores, e que o inferno é destinado às “pessoas más”. Todo pecado nos separa de Deus, mesmo uma “pequena mentirinha”. Todos pecaram, e ninguém é bom o suficiente para ir ao Céu por sua própria conta (Romanos 3:23). Entrar no Céu não se baseia no nosso bem superar o nosso mal; todos perderemos se este for o caso. "E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça." (Romanos 11:6). Não há nada bom que possamos fazer para ganhar a nossa entrada no Céu (Tito 3:5).

"Entrai pela porta estreita: porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela" (Mateus 7:13). Mesmo que todo mundo esteja vivendo uma vida de pecado, e crer em Deus não seja popular, Deus não vai perdoar isto. "nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, o espírito que agora atua nos filhos da desobediência" (Efésios 2:2).

Quando Deus criou o mundo, este era perfeito. Tudo era bom. Então ele fez Adão e Eva, e deu a eles o seu próprio livre arbítrio, de forma que eles teriam a escolha de seguir e obedecer a Deus ou não. Mas Adão e Eva, as primeiras pessoas que Deus fez, foram tentados por Satanás a desobedecer a Deus, e eles pecaram. Isto os impediu (e a todos os que vieram depois deles, incluindo a nós) de ter uma relação íntima com Deus. Ele é perfeito e não pode estar no meio do pecado. Como pecadores, nós não poderíamos chegar lá pela nossa própria vontade. Então, Deus criou uma forma pela qual poderíamos estar unidos com Ele no Céu. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16). "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos 6:23). Jesus nasceu para que Ele pudesse nos ensinar o caminho e morrer por nossos pecados para que nós não o tivéssemos que fazer. Três dias após a Sua morte, Ele ressuscitou do sepulcro (Romanos 4:25), provando a Si mesmo vitorioso sobre a morte. Ele completou o caminho entre Deus e o homem para que este pudesse ter uma relação pessoal com Ele, precisando apenas acreditar.

"E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João 17:3). A maioria das pessoas acredita em Deus, até Satanás acredita. Mas para receber a salvação, é preciso se voltar para Deus, formar uma relação pessoal com Ele, voltar-se contra os nossos pecados e seguir a Ele. Devemos acreditar em Jesus com tudo o que temos e em tudo o que fazemos. "Justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os que crêem; porque não há distinção" (Romanos 3:22). A Bíblia nos ensina que não há outro caminho para salvação a não ser através de Cristo. Jesus diz em João 14:6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.”

Jesus é o único caminho para a salvação porque Ele é o Único que pode pagar o preço pelos nossos pecados (Romanos 6:23). Nenhuma outra religião ensina a profundidade ou seriedade do pecado e das suas conseqüências. Nenhuma outra religião oferece o pagamento infinito que só Jesus poderia dar pelo pecado. Nenhum outro “fundador religioso” foi Deus vindo como homem (João 1:1,14) – a única forma pela qual um débito infinito poderia ser pago. Jesus tinha que ser Deus para que Ele pudesse pagar nosso débito. Jesus tinha que ser homem para que ele pudesse morrer. A salvação está disponível apenas pela fé em Jesus Cristo! “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:12).

Fonte: Got Questions.com
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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Batalhando Pela Fé II



John Piper



A epístola de Judas começa e termina com palavras muito confortadoras para os crentes. No versículo 1, Judas nos descreve como aqueles que são “chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo”. Os três verbos estão na voz passiva. Enfatizam a ação de Deus. Ele chama, ama e guarda. Somos chamados, amados e guardados. Judas se mostrou bastante zeloso em começar enfatizando a segurança do crente na eleição e no amor preservador da parte de Deus.

No final da epístola, versículo 24, Judas afirmou: “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante de sua glória, ao único Deus... glória”. Observe, no versículo 1, somos guardados por Deus em Jesus Cristo; e, no versículo 24, Deus é poderoso para guardar-nos de tropeços. Judas começou e terminou sua epístola assegurando os crentes de que Deus exercita sua onipotência em guardá-los de desviarem-se da fé.

O que devemos responder quando alguém nos perguntar por que estamos tão certos de que permaneceremos firmes na fé até ao fim e de que seremos salvos no Dia do Juízo? Devemos responder o seguinte: “Deus me chamou da incredulidade. Portanto, eu sei que Ele me ama com amor especial e eletivo. Por isso, sei que Ele me guardará de cair. Deus realizará em mim aquilo que é agradável diante dEle mesmo (Hb 13.21) e me apresentará com exultação diante do trono de sua glória”.

Essa é a maneira como Judas começa e termina sua epístola. No entanto, no meio da epístola, Judas demonstra outra preocupação. A sua preocupação não é ajudar os crentes a sentirem-se contentes, e sim a serem vigilantes. Depois de lhes haver mostrado o amor eletivo de Deus, bem como o incomparável poder de Deus em preservar os crentes em segurança, Judas passa a mostrar-lhes o perigo que os cerca, exortando-os a batalhar pela fé.

Versículo 3: “Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”. Em outras palavras, a vitória certa da igreja não significa que não temos de lutar para vencer.

O simples fato de que nosso excelente General nos promete vitória nas praias do inimigo não significa que as tropas podem guardar suas armas no navio. A promessa de vitória pressupõe coragem na batalha. Quando Deus promete que sua igreja será protegida de derrotas, o propósito dEle não é que mantenhamos nossa espada na bainha, e sim que lancemos mão da espada do Espírito e olhemos confiantes para Ele, a fim de recebermos forças para vencer a batalha. Sempre que a promessa de segurança da parte de Deus é utilizada para justificar a nossa ausência no campo na batalha, podemos suspeitar que há um traidor entre os nossos soldados.

Conforme podemos observar na epístola de Judas, o procedimento de Deus é proporcionar confiança ao seu povo, a confiança de que a sua fé será vitoriosa ao fim (vv. 1, 24), e, depois, enviá-los para lutar pela fé.

O assunto central do pequeno livro de Judas é o versículo 3. Por isso, desejamos torná-lo o assunto de nossa mensagem: é dever de todo crente genuíno batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Procurarei desenvolver o significado desta doutrina utilizando quatro sentenças.

1. Existe uma fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos.

2. Esta fé é digna de que batalhemos por ela.

3. Esta fé está sendo constantemente ameaçada por elementos de dentro da igreja.

4.Todo crente genuíno deve batalhar por esta fé.

1. Existe uma fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos. Às vezes, a palavra “fé” é utilizada significando o sentimento de confiança em Cristo. Em outras vezes, como acontece nesta passagem, ela foi utilizada significando as verdades em que cremos a respeito dAquele em quem confiamos.

Por um lado, é necessário enfatizar que o cristianismo é basicamente um relacionamento com Jesus,

e não um conjunto de idéias sobre a pessoa de Jesus. A razão por que fazemos isso é esta: ninguém será salvo por crer em

um conjunto de idéias. O diabo crê na maior parte das verdades do cristianismo. Precisamos enfatizar que, se uma pessoa não tiver uma confiança viva em Jesus, como Salvador e Senhor, toda a ortodoxia do mundo não introduzirá tal pessoa no céu.

Mas, se nossa ênfase no relacionamento pessoal com Jesus nos leva a negar que existe um grupo de verdades essenciais no cristianismo, cometemos um grave erro. Existem verdades sobre Deus, o Senhor Jesus, o homem, a igreja e o mundo que são essenciais à vida do cristianismo. Se tais verdades são corrompidas e distorcidas, o resultado não será apenas idéias erradas e verdades mal aplicadas. A vida íntima de fé não é independente das afirmações doutrinárias da fé. Quando as doutrinas estão corrompidas, o coração se encontra na mesma condição. Existe um corpo de doutrinas que tem de ser preservado.

A maior evidência disso no versículo 3 é a declaração de Judas no sentido de que a fé “uma vez por todas foi entregue aos santos”. Isto significa que ela se propagou a partir dos apóstolos. A fé não foi inventada pela igreja. Foi revelada por Deus aos seus apóstolos e a seus companheiros mais achegados; em seguida, ela foi ensinada às igrejas como “todo o desígnio de Deus” (At 20.27).

Para nós, uma das ex-pressões mais importantes é “uma vez por todas” (v. 3). Agora estamos há quase dois mil anos depois que a fé foi inicialmente entregue à igreja e estamos cercados por milhares de pessoas e seitas que reivindicam ter uma nova palavra de revelação que completa a Palavra de Deus para a humanidade. Maomé ofereceu aos seguidores o Alcorão; Joseph Smith, o seu Livro de Mórmom; Sun Moon, o seu Princípio Divino. E todos os dias vocês encontram pessoas que consideram as tendências intelectuais contemporâneas como um substituto adequado para a Bíblia.

Mas observe com bastante cuidado. Judas ensinou que a fé “uma vez por todas foi entregue aos santos”. A revelação de Deus concernente ao conteúdo doutrinário de nossa fé está completo. A igreja está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas (Ef 2.20). Qualquer pessoa que surge e reivindica ter uma nova revelação da parte de Deus, para acrescentá-la à fé que “uma vez por todas foi entregue aos santos”, está agindo contra as Escrituras.

A razão por que temos a Bíblia é que a igreja do terceiro e do quarto século reconheceu que Deus falou “uma vez por todas” nesses escritos. O cânon foi concluído, e todas as reivindicações a respeito da verdade têm de ser avaliadas pelo padrão da fé que “uma vez por todas foi entregue aos santos”.

Quando afirmamos a existência de uma fé que “uma vez por todas foi entregue aos santos”, queremos dizer fé e não “fés”. Em nossos dias, é comum alguém falar sobre diversas teologias no Novo Testamento.

Os eruditos gostam de enfatizar a diversidade de opiniões entre os autores do Novo Testamento e a dificuldade para trazê-los todos a um entendimento coerente da realidade.

Ora, certamente existe alguma diversidade entre um escritor inspirado e outro do Novo Testamento. Mas eu rogo à nova geração de estudiosos que pensem mais e melhor a respeito das implicações de Judas 3: “A fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”. Embora possa haver diversidade na maneira como entendemos esta fé, a ênfase recai sobre a unidade. Existe uma fé apostólica. Existe um corpo de doutrinas que sustentam uma à outra, chamado “fé”. Não devemos acrescentar ou retirar nada desse corpo de doutrinas. Ele foi uma vez por todas entregue aos santos.

2. Esta fé é digna de que batalhemos por ela. Lemos em Romanos 14 que um crente considera um dia superior aos demais e que outro crente considera iguais todos os dias. Cada crente deve estar convicto em sua própria mente e não menosprezar nem condenar seu irmão. Mas na epístola de Judas somos ensinados a batalhar por aquilo em que cremos.

O que eu posso deduzir é que existe um conjunto de doutrinas digno de que batalhemos por ele, bem como aplicações secundárias dessas doutrinas; e por causa dessas aplicações não devemos contender uns com os outros.

Mas grave isto em sua mente: existe uma verdade digna de que batalhemos por ela. Existe uma verdade digna de morrermos por ela. Isso é muito difícil para a nossa cultura relativista entender. Talvez sejamos capazes de imaginar uma pessoa morrendo por outra; todavia, muitos em nossos dias não consideram qualquer verdade tão preciosa, que eles lutarão ou mesmo morrerão por ela.

Não foi sempre assim. A fé que hoje nutrimos foi preservada para nós à custa do sangue de centenas de reformadores. De 1555 a 1558, a rainha Maria, a católica que reinou na Inglaterra, queimou na fogueira 288 reformadores protestantes — homens como John Rogers, John Hooper, Rowland Taylor, Robert Ferrar, John Bradford, Nicholas Ridley, Hugh Latimer e Thomas Cranmer. E por que eles foram queimados? Porque permaneceram firmes em favor de uma verdade — a verdade de que a presença real do corpo de Jesus não está na eucaristia, e sim no céu, à direita do Pai. Por essa verdade, eles suportaram o agonizante sofrimento de serem queimados vivos.

O sangue dos mártires é um poderoso testemunho de que a fé “uma vez por todas” entregue aos santos é digna de batalharmos por ela. Existe evidência disso no versículo 3. Judas disse que desejava realmente escrever acerca da nossa comum salvação. “Quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé.” Quando a fé está em jogo, nossa salvação também está em jogo. Se a verdade está corrompida, a nossa salvação também está corrompida. Os apóstolos e reformadores se mostraram dispostos a morrer por causa da fé, porque se preocuparam com a preservação da mensagem de salvação — eles se preocuparam com pessoas e com a glória de Deus.

Precisamos obter um sentimento completamente novo da preciosidade da doutrina bíblica. Como igreja, precisamos conhecer a profundidade, a beleza e o valor da verdade doutrinária. Existe uma fé digna de contendermos por ela.

3. Esta fé está sendo constantemente ameaçada por elementos de dentro da igreja. Maria, a sanguinária, confessava ser cristã; ela não era bárbara. Os piores inimigos da doutrina cristã são aqueles que se declaram cristãos e não se apegam à fé que “uma vez por todas foi entregue aos santos”.

Em sua última mensagem aos pastores da igreja de Éfeso, o apóstolo Paulo os advertiu dizendo: “Depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas, para arrastar os discípulos atrás deles” (At 20.29-30). Os lobos que pervertem a fé são pessoas que se declaram crentes. São pastores, líderes de igreja, professores de seminários e missionários.

Em sua epístola, Judas apresenta no versículo 4 a razão por que a igreja precisava preparar-se para batalhar pela fé: “Certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo”.

Assim, a ameaça à fé está vindo de indivíduos que agora se encontram no meio da igreja. Provavelmente, eles estão dizendo o seguinte: “Se nós somos salvos pela graça, não importa o que somos em nossa vida moral. Na verdade, quando um crente peca, isto serve tão-somente para magnificar a graça de Deus”. Deste modo, eles colocam a graça de Deus em oposição aos mandamentos de Cristo e, na prática, negam o senhorio de Jesus.

Eles têm agido dessa maneira desde o primeiro século. Paulo disse que isso iria acontecer. Judas o viu se realizando, como um cumprimento das predições de Paulo. Nos versículos 17 e 19, Judas afirmou: “Lembrai-vos das palavras anteriormente proferidas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam: No último tempo, haverá escarnecedores, andando segundo as suas ímpias paixões. São estes os que promovem divisões, sensuais, que não têm o Espírito”.

Embora as cartas de Paulo tenham-no feito derramar muitas lágrimas (Fp 3.18), quase todas as cartas abordam assuntos relacionados a lutas que estava travando com pessoas que declaravam ser crentes. Portanto, não devemos ficar surpresos com o fato de que hoje muitas

de nossas lutas em favor da fé se realizam com crentes que ensinam e escrevem coisas que (pelo menos do nosso ponto de vista) são contrárias à “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”.

O Novo Testamento ensina com muita clareza que a fé será, por repetidas vezes, ameaçada por pessoas de dentro da igreja.

4. Isso nos leva à admoestação final: todo crente genuíno deve batalhar por esta fé. A epístola de Judas não foi escrita para um pastor, e sim para aqueles que são “chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo” (v. 1). Por conseguinte, o dever de batalhar pela fé não pertence exclusivamente aos pastores consagrados ao ministério da Palavra, embora eles tenham uma responsabilidade especial. Batalhar pela fé é o dever de todo crente verdadeiro.

Os versículos 21 e 22 nos dizem algo sobre as coisas que nos deveriam preparar para batalharmos pela fé — “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna”. E os versículos 22 e 23 nos falam a respeito de maneiras pelas quais podemos envolver-nos nessa batalha.

A melhor coisa que podemos fazer para que sejamos uma igreja eficaz em batalhar pela fé

é nos tornarmos uma igreja bem fundamentada na fé — “Edificando-vos na vossa fé santíssima”. Estudem! Meditem! Edifiquem! Cresçam! Há muitas verdades maravilhosas a aprendermos sobre Deus. E a melhor defesa da fé é conhecer tais verdades e amá-las.

A oração é uma parte indispensável do batalhar pela fé — “Orando no Espírito Santo”. A menos que procuremos ter a mentalidade do Espírito Santo, através da oração, não cresceremos em nossa assimilação da fé e seremos soldados fracos.

No que se refere à batalha propriamente dita, Judas instruiu: “E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne”.

Pelo menos duas coisas são evidentes nessa instrução: 1) batalhar às vezes envolve um esforço intelectual para que seja mudada a maneira de pensar da outra pessoa — “Compadecei-vos de alguns que estão na dúvida”; 2) batalhar às vezes envolve repreensão moral — “Procurem aqueles que estão atolados no lamaçal onde foram apanhados por idéias perversas e resgatem-nos ao lugar de segurança, mesmo que odeiem o que eles estão fazendo”.

Na realidade, essas coisas andam sempre juntas: um esforço para mudar a maneira de pensar e um empenho para mudar a moralidade. Batalhar pela fé nunca é simplesmente um exercício acadêmico, assim como nunca é apenas um exercício mental; visto que a fonte de todas as falsas doutrinas é o orgulho do coração humano e não a fraqueza de sua mente.

Essa é a razão por que Judas nos exorta a crescer, orar, permanecer no amor de Deus e depender de sua misericórdia, antes de afirmar qualquer coisa sobre a maneira como devemos batalhar pela fé. Viver a fé é o melhor argumento que os crentes têm em favor da fé. Por essa razão, o apóstolo Pedro disse: “Santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15). A maneira como você luta é tão importante quanto o conteúdo de seus argumentos. Você pode vencer com sua lógica e perder com sua vida.

Em resumo,

1. Existe uma fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.

2. Esta fé é digna de que batalhemos por ela.

3. A fé está, por repetidas vezes, sofrendo ameaças vindas da própria igreja, por meio de crentes que professam apenas verbalmente a fé.

4. É dever de todo crente batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.

Fonte : Editora Fiel

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Batalhando pela fé I



Texto chave: Judas 1:3

“Amados, embora estivesse muito ansioso por lhes escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé de uma vez por todas confiada aos santos.”

Desde os tempos apostólicos, a Igreja de Jesus tem sido atacada por lobos que buscam dividir e destruir o povo de Deus. E nos dias atuais isso não mudou. As palavras de Judas são tão necessárias hoje quanto o eram naqueles dias.

A Igreja de Deus tem um corpo de doutrinas (ensinos) que servem como alicerces ou base para a nossa fé. Assim como em uma construção, se os alicerces forem fracos ou por ação externa, forem abaladas e enfraquecidas; todo o edifício pode desmoronar. O nosso inimigo sabe disso e trabalha muito para que isso aconteça. Muitas vezes os ataques externos não são tão eficazes, então a estratégia é infiltrar pessoas na igreja com falsas doutrinas, ou ensinamentos duvidosos; que na maioria das vezes distorcem os ensinamentos da Palavra de Deus, e com um ar de religioso e santo, introduzem ensinamentos que não são bíblicos.
Era exatamente isso que levou o Apóstolo Paulo a escrever à Timóteo, exortando-o a “pregar a palavra, repreendendo, corrigindo e exortando com toda a paciência e doutrina” .Pois segundo as palavras do apóstolo: “as pessoas não suportariam as sãs (saudáveis) doutrinas e juntariam mestres para si mesmos, segundo os próprios desejos”.

Podemos reconhecer em nossa igreja hoje, este tipo de problema? Você pode citar um caso em que um ensinamento falso, trouxe problemas para a igreja em que você congrega?

A Igreja tem hoje a sua disposição, armas para reconhecer e destruir estes ataques tão freqüentes. A mais importante é a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. O Apóstolo Paulo apresenta ao jovem pastor Timóteo, um conselho muito útil: busque nas escrituras todas as informações para ser um bom crente e ensine também aos outros. Diferente dos ensinos heréticos apresentado pelas seitas, a Bíblia é totalmente inspirada por Deus. Todo falso ensino trás ensinamentos e pensamentos humanos (quando não diabólicos), mas a Bíblia é totalmente inspirada pelo Espírito Santo.
Infelizmente, o nosso inimigo também usa a Bíblia para confundir os santos, assim como ele tentou fazer com Jesus na tentação do deserto, muitas vezes ele vai usar versículos bíblicos para confundir as pessoas. Mas qual foi a arma que o próprio Senhor Jesus usou para derrotar Satanás na tentação? Ele usou a própria Palavra de Deus (Mt 4: 1 -11).
Mas como podemos saber se estão tentando nos enganar uma vez que estejam usando a Bíblia como base para o que eles tem pra ensinar? Bem, existem algumas regrinhas que temos que seguir:
1) Texto fora do contexto é pretexto para heresias – Nunca podemos usar um versículo isolado da Palavra para criar uma doutrina. A Bíblia mesmo se explica e se justifica, ou seja, se um determinado texto diz algo que todo o restante da Bíblia discorda, então está havendo com certeza uma má interpretação daquele texto. É necessário que haja pelo menos três outros textos (de preferência em outro capítulo ou até mesmo outro livro) que apóie aquele pensamento.
2) De dentro pra fora ou de fora pra dentro? – Existem algumas maneira erradas de se interpretar a Bíblia, e estas devem ser evitadas, pois mesmo no meio de cristãos sérios, muitas vezes estes erros são cometidos. Nunca devemos ir à Bíblia (de fora pra dentro) com um conceito já formado, apenas para encontrar um versículo que confirme que realmente estamos certos. Isso é o que muitas pessoas fazem para enganar os cristãos que não se preparam conhecendo “toda a escritura”. A maneira certa é indo à Bíblia vazio (de dentro pra fora), e ali tirar todo ensino que precisamos. Ou seja, A Bíblia nos diz o que devemos saber, e não apenas confirma aquilo que já sabíamos.
3) O melhor intérprete da Bíblia é o seu Autor - A melhor maneira de sabermos se estamos interpretando corretamente o que estamos lendo, é pedindo em oração e submissão ao Espírito Santo, que Ele nos oriente e nos ensine através da sua Palavra. Quando oramos antes de ler a Bíblia pedindo ao Espírito Santo que nos revele a sua Palavra, tiramos do inimigo o poder de trazer confusão em nossa mente, e temos a certeza de que Deus está falando conosco mesmo.
4) Deus colocou na Igreja Mestres (e eles não estão lá só de enfeite). – Finalmente, quando houver dúvidas sobre determinado texto que você leu; ou ainda, quando alguém estiver assediando você com doutrinas estranhas, não perca tempo, peça ajuda de alguém que você sabe que pode confiar (seu Pastor, professor de escola dominical ou seminário, seu Líder de Célula, etc.).

Versículos para memorizar:

“Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram de mim. E o Deus de paz estará com vocês” - Filipenses 4:10-11 (NVI)


Fonte : Blog Pastor Valdir

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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Os Meios da Graça: Earl Blackburn


A vida cristã é uma experiência maravilhosa. Começa através de uma obra sobrenatural realizada pela imerecida graça de Deus no coração e na vida de uma pessoa. O Espírito de Deus aplica a obra de Cristo, na cruz, aos muitos que estão espiritualmente mortos. Ele os regenera, levando-os a arrependerem-se do pecado e a exercitarem a fé no Senhor Jesus Cristo. Isto se chama salvação, que é uma obra gloriosa da graça e do Espírito de Deus.

Com freqüência, os novos convertidos indagam o que acontece após nascerem de novo e iniciarem a vida cristã. Uma vez que Deus os salvou, Ele os deixa prosseguir motivados em seus próprios recursos e nas obras de sua própria carne, para chegarem à presença dEle, no céu? O apóstolo Paulo responde: .Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?. (Gl 3.3).


A vida cristã começa pela graça, pela atividade do soberano Espírito de Deus, e deve ser continuada da mesma maneira. Isto não significa que não existe qualquer atividade da parte do crente. Pelo contrário, a Palavra de Deus afirma que os salvos foram .criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. (Ef 2.10); e: .Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. (Fp 2.12-13 . nota: estes versículos, que têm sido grosseiramente mal utilizados pelas seitas, não ensinam a salvação pelas obras; antes, são dos muitos versículos que demonstram a completa gratuidade da salvação). Além disso, os crentes são instruídos a crescerem .na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. (2 Pe 3.18).

O que o gracioso e amável Deus do céu concedeu aos crentes para ajudá-los a desenvolverem sua salvação, fazerem as boas obras que Ele determinou e crescerem na graça? Deus ofereceu-lhes coisas específicas a fim de obterem esses resultados desejados; ofereceu-lhes o que os teólogos chamam de .meios da graça.. A seguir, consideraremos esses meios da graça e de crescimento.

Quando você utiliza os meios da graça, percebe os resultados em sua própria vida: crescimento espiritual, maturidade, alegria, santidade e semelhança a Cristo. Se estas qualidades estiverem sendo praticadas em sua vida, haverá crescente comunhão com Deus . o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Você será fortalecido e encorajado a andar com Cristo. Receberá a força e o poder espiritual necessários para vencer a tentação, o pecado e Satanás. Obterá ajuda indescritível em cada aspecto da vida cristã.

O que significa a expressão “meios da graça”?

O Dicionário Aurélio define a palavra .meio. como .recurso empregado para alcançar um objetivo.. Por conseguinte, os meios da graça são os instrumentos pelos quais Deus transmite bênçãos ao seu povo. O Catecismo de Westminster define a expressão .meios da graça. como .os recursos visíveis e comuns pelos quais Cristo transmite à sua igreja os benefícios de sua mediação [ou seja, de sua morte]..

Ilustrando isso, pense em uma mangueira de jardim. A mangueira não é especial em si mesma, porem é o canal pelo qual flui a água que produz vida e refresca. O mesmo acontece com os meios da graça. Em si mesmos, eles nada possuem de especial, mas são os instrumentos ou os canais pelos quais fluem as bênçãos divinas que outorgam vida e refrigeram a alma. Através dos meios da graça, Deus concede força, paz, conforto, instrução, disciplina, orientação, alegria e muitas outras coisas necessárias à vida cristã.

Ainda que a expressão .meios da graça. não se encontre na Bí- blia, é uma designação adequada para aquilo que está ali ensinado. Há dois tipos de meios da graça: os particulares e os públicos. O restante desse artigo abordará os diferentes aspectos de cada um desses tipos.

Quais os meios particulares da graça?

1-O primeiro destes é a leitura da Palavra de Deus.

Deus nos deu um livro através do qual Ele fala conosco. Ele não mais se comunica com os homens utilizando sua voz audível, como o fazia no passado. Agora Deus fala através de seu Filho (Hb 1.1-4), que nos transmite sua palavra por meio das Sagradas Escrituras, a Bíblia. Nas páginas das Escrituras, Ele manifesta sua voz, capaz de despertar os mortos, outorgando-lhes vida.

A Bíblia foi escrita por homens santos, enquanto Deus os inspirava e guiava, por intermédio do Espírito Santo. É o perfeito tesouro de instruções e conhecimento celestiais. Deus é o autor da Bíblia, a salva- ção é o seu objetivo, e a verdade sem qualquer erro é o seu conteúdo. Ela nos ensina, principalmente, o que precisamos crer a respeito de Deus e quais os deveres que Ele exige de nós. A Bíblia revela os princípios pelos quais Ele nos julgará e demonstra o supremo padrão pelo qual devem ser averiguados todos os comportamentos, credos e opiniões dos homens. Por isso, J. C. Ryle escreveu:

Separe uma parte de cada dia para ler e meditar alguma porção da Palavra de Deus. O pão de ontem não alimentará o trabalhador de hoje; tampouco o pão de hoje nutrirá o trabalhador de amanhã. Recolha seu maná a cada manhã. Escolha a ocasião e a hora adequados. Não cochile ou se apresse enquanto lê. Dê à sua Bíblia o melhor e não o pior de seu tempo. Leia toda a Bíblia, fazendo-o de maneira sistemática. Receio que existem várias partes da Palavra de Deus que alguns crentes nunca lêem. Dessa atitude resulta a falta de amplos e bem equilibrados pontos de vista a respeito da verdade, uma falta tão comum em nossos dias. Creio que um bom plano é ler o Antigo e o Novo Testamento ao mesmo tempo, do começo até ao fim; e, depois, fazê-lo novamente. Leia a Bíblia com um espírito de obediência e auto-aplicação. Assente-se para estudá-la com a determinação de que você viverá pelas suas regras, confiará em suas afirmativas e se comportará de acordo com seus mandamentos. A Bíblia mais lida é aquela mais praticada.

Ela é o instrumento pelo qual Deus fala ao seu povo. Enquanto lêem a Bíblia, Deus abençoa e fortalece os crentes com tudo que necessitam para seu viver diário.

2-O segundo meio particular da graça é a oração.

O que significa oração? É um dos meios pelos quais o crente cultiva um vivificante relacionamento com o Deus vivo. A oração é indispensável na devoção pessoal. Envolve conversar e ter comunhão com Deus. Nesta comunhão, apresentamos a Deus nossos desejos íntimos. A oração assemelha-se a conversar com Deus .face a face.. O Antigo Testamento apresenta numerosos exemplos: Gênesis 18.23, ss.; Êxodo 5.22, 6.1,10,12,28-30; Deuteronômio 3.23-26; Salmo 27.8. O Novo Testamento apresenta um sumário da oração em Atos 13.1-2.


Pedir a Deus as boas coisas que Ele tem prometido aos seus filhos é uma parte vital da oração (Mt. 7.7,11; Lc 11.5-13; Cl 1.9-12; Tg 1.5-6). De acordo com Filipenses 4.6-7, a oração é uma chave para que o crente experimente a paz de Deus. Ela é também um meio que facilita a nossa rendição à vontade de Deus (ver o exemplo do Senhor Jesus em Mateus 26.39,42,44).

Existem várias partes na oração. Ela pode incluir um ou mais destes aspectos: adoração e louvor, ação de graças, confissão de pecados, súplica, intercessão e entrega de nós mesmos a Deus.

De acordo com Efésios 6.18 e Judas 20, a oração deve ser feita no Espírito. O Espírito Santo é Aquele que ajuda o crente a orar. Ele testifica ao espírito do crente que ele é filho de Deus, levando-o a clamar: .Aba, Pai. (Rm 8.15; Gl 4.6). O Espírito Santo impulsiona o crente a orar, trazendo à sua mente as palavras e promessas de Jesus. Ele também inflama nossos corações em benefício dos outros (Rm 10.1; cf. 9.1-2). Portanto, quando você não sentir desejo de orar, peça ao Espírito Santo que o ajude a envolver-se na oração.

Cristo ofereceu ao seu povo um modelo para ajudá-los na oração. Em geral, tem sido chamada de .Oração do Pai Nosso. e se encontra em Mateus 6.9-13 e Lucas 11.1-4. Este modelo de oração não foi dado com o propósito de ser repetido, como um ritual, quer em particular, quer em público. Recitar esta oração não remove nossa obrigação de orar. Cristo a ensinou para que os crentes saibam como orar adequadamente. Há seis petições nesta oração: as três primeiras estão relacionadas às prioridades de Deus, as três últimas vinculam-se às nossas necessidades. Nesta oração-modelo, o Senhor Jesus nos ensina que, antes de suplicar por nossas necessidades, temos de orar pelas prioridades divinas.

3-O terceiro meio particular da graça é a meditação.

Após o crente ter vindo à presença de Deus, através da leitura da Bíblia e pela oração, ele se alimenta do que já recebeu por meio da meditação. Thomas Watson, um dos Puritanos, disse: .A meditação é semelhante ao regar uma planta, faz aparecer os frutos da graça..

A meditação é para nossa alma o que a digestão é para o corpo. C. H. Spurgeon apresentou uma excelente instrução, ao declarar: .Nossos corpos não sustentam-se apenas por ingerir o alimento através da boca; mas o processo de digestão resulta em músculos, nervos, tendões e ossos. Por meio da digestão, o alimento exterior é assimilado pela vida interior. O mesmo acontece às nossas almas: elas são nutridas não apenas por aquilo que ouvem aqui e acolá. Ler, ouvir, observar e aprender tudo exige uma digestão interior; e a digestão interior da verdade ocorre através de meditarmos nela..

A atitude do salmista Davi foi: .Meditarei nos teus preceitos e às tuas veredas terei respeito. Terei prazer nos teus decretos; não me esquecerei da tua palavra. (Sl 119.15-16). Setecentos anos antes de Cristo nascer, Davi já sabia o valor da meditação.

Quais são os meios públicos da graça?

1-Reunir-se para adoração é o primeiro destes meios.

Deus jamais tencionou que o verdadeiro crente vivesse sozinho. Após a ascensão de Cristo, os apóstolos saíram por todo o mundo implantando igrejas e estabelecendo presbíteros em cada uma delas (At 14.23). Eles fizeram isto, para que os crentes novos fossem fortalecidos, encorajados, guiados, instruídos e, acima de tudo, adorassem a Deus juntos. Deus, e não os homens, ordenou que por intermédio da reunião coletiva, para adoração, o crente recebesse bênção e ajuda divina para os dias futuros. Reunido, o povo de Deus receberia não somente a bênção dEle, mas também se fortaleceria mutuamente. Os cristãos receberam a ordem de não abandonarem o reunirem-se para adoração pública (Hb 10.25).

Historicamente, as igrejas cristãs sempre adoraram no domingo. Foi no primeiro dia da semana, o domingo, que o Senhor Jesus ressuscitou dos mortos e assegurou a ruína do domínio de Satanás. Cinqüenta dias após a ressurreição de Cristo, no Pentecostes, novamente no primeiro dia da semana, o Espírito Santo veio sobre os crentes para enchê-los de poder. Desde então, os cristãos se reúnem aos domingos, o primeiro, o melhor e mais admirável dia da semana, para adorar o primeiro, o melhor e mais admirável dos seres, o SENHOR Deus dos Exércitos e seu Filho, Jesus Cristo (At 20.7; 1 Co 16.2).

Os elementos da adoração pública são: leitura pública das Escrituras, acompanhada de pregação e ensino; cantar salmos, hinos e cânticos espirituais; ofertas e orações. Na leitura e exposição das Escrituras, Deus fala conosco; nos cânticos, ofertas e orações, nós falamos com Ele. Ainda que esses dois elementos da adoração são importantes, o mais relevante deles é a pregação da Palavra. Nossos pais entenderam isto, quando escreveram:

O Espírito torna a leitura (em especial, a pregação da Palavra) o meio eficaz de convencer e converter os pecadores, edificando-os em santidade e conforto. (Breve Catecismo de Westminster, pergunta 89)

2-O segundo meio público da graça são as ordenanças do

evangelho.

Uma ordenança é um costume e prática iniciada pelo Senhor Jesus Cristo, enquanto Ele esteve na terra. Nas verdadeiras igrejas do Senhor Jesus, há apenas duas ordenanças: o batismo e a ceia do Senhor.

O batismo é a primeira ordenança instituída pelo Senhor Jesus Cristo, enquanto esteve entre os homens. Ele ordenou que o batismo fosse realizado por seus apóstolos e igrejas até ao fim do mundo (cf. Mt 28.18- 20). Uma pessoa que declara ser crente e negligencia o batismo, a primeira ordenança de Cristo, não tem o direito de chamar-se de cristão. O batismo deve ser realizado por completa imersão na água, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

O batismo é reservado somente para os crentes. Não é para pequenas crianças descrentes. Não existe uma única instância de batismo infantil no Novo Testamento. O batismo sempre foi aplicado àqueles que se arrependeram e creram e para aqueles que foram convertidos e salvos (veja Atos 2.41; 18.8). Esta ordenança foi designada a ser um testemunho para o mundo, a fim de demonstrar que somos seguidores de Cristo e fortalecer nossa decisão de segui-Lo.

A ceia do Senhor é a segunda ordenança instituída pelo Senhor Jesus, enquanto esteve na terra. É o meio divinamente designado para fortalecer a fé exercida pelos crentes. A ceia do Senhor não é um sacrifício oferecido a Deus, e sim apenas uma comemoração daquela oferta que Cristo fez de si mesmo, uma vez por todas, na cruz, em pagamento dos nossos pecados. Sempre que participamos da ceia do Senhor, nós o fazemos em memória dEle (1 Co 11.24-26).

Os elementos da ceia do Senhor, pão e vinho, são apenas símbolos. Cada elemento representa um diferente aspecto do sacrifício de Cristo. O pão simboliza o corpo traspassado e morto do Salvador, por causa de nossos pecados. O vinho representa o sangue de Cristo que foi derramado a fim de purificar nossos pecados. Não existe nada mágico no pão e no vinho. Eles não se alteram, tornando-se literalmente o corpo e o sangue de Jesus; permanecem aquilo que eles mesmos são.

Um cuidadoso estudo das Escrituras demonstra as exigências para se participar da ceia do Senhor. A pessoa tem de ser verdadeiramente convertida a Cristo, batizada, alguém que está procurando andar de maneira agradável a Deus e membro de uma das igrejas de Cristo. Devemos lembrar que esta ordenança não foi dada a indivíduos, e sim a igrejas locais e seus membros.

3-Comunhão com irmãos e irmãs em Cristo é o terceiro meio

público da graça.

O povo de Deus procede de todos os tipos de pessoas. Todavia, existe algo que os une: em Cristo, eles são um! Cristo os amou com amor eterno e os atraiu com bondade. Todos os obstáculos foram removidos ante à eleição, à redenção e ao salvífico amor de Cristo (ver Ef 2.14-16).

Comunhão significa .compartilhar juntos. ou .vida compartilhada ., especialmente quando esta se relaciona aos outros crentes. Quando Cristo nos salvou, Ele não tencionava que vivêssemos isolados. Ele nos destinou para sermos parte de uma de suas igrejas e desfrutarmos comunhão com outros crentes (cf. At 2.41-42). Uma das mais profundas verdades que compreendemos após a conversão é o vínculo que temos com os verdadeiros crentes.

Comunhão não significa reunir-se com outros crentes para falar sobre esportes, diversões, clima, economia ou política, embora não exista qualquer prejuízo em fazermos isso. Pelo contrário, comunhão é compartilhar, de coração, uns com os outros, as coisas do Senhor Jesus e de sua Palavra. A singularidade da comunhão cristã se encontra em sermos capazes de conversar e compartilhar, juntos, as alegrias, a felicidade, as vitórias, os problemas, as tentações, as tristezas e as bênçãos de nosso andar com Deus. Provérbios 27.17 afirma: .Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo.. Desfrutar comunhão com irmãos e irmãs em Cristo, em uma igreja local, é semelhante ao .ferro. afiando o .ferro.; é o meio da graça que nos mantém espiritualmente saudáveis e vigorosos.

4-O quarto meio público da graça é a oração coletiva (At 2.42).

As igrejas primitivas não somente permaneciam na doutrina dos apóstolos, na ceia do Senhor e na comunhão, também perseveravam na oração juntos. As reuniões da igreja, a fim de orar, era um dos meios de levar as cargas uns dos outros e cumprir a lei de Cristo (Gl 6.2). No livro de Atos, há diversos exemplos dos irmãos orando juntos, na igreja primitiva. No dia de Pentecostes, o que os crentes estavam fazendo? Orando (At 1.12-14; cf. 2.1). Através da oração coletiva, a igreja contemplou o Senhor Deus libertando-a das mãos de seus inimigos (4.23- 33). Pedro foi liberto da prisão porque os crentes estavam juntos em oração a favor dele (12.5). A história das igrejas do Novo Testamento ilustra a bênção e a necessidade de orarmos juntos.

Tudo o que é verdadeiro a respeito da oração particular também é verdadeiro sobre a oração pública, exceto que esta se realiza coletivamente. Se Deus está com seu povo e individualmente os abençoa com sua presença, quanto mais isto acontece ao se reunir a igreja para oração coletiva. Se Ele ouve e responde as orações de um crente, quanto mais ouvirá e atenderá as orações de muitos? Um Puritano, David Clarkson, disse: .A presença de Deus, desfrutada em oração particular, assemelhase apenas a um regato, mas na oração coletiva torna-se como um rio que alegra a cidade de Deus..

Um Pai amoroso, sábio e gracioso, que habita nos céus, outorgou aos seus filhos estes meios para o bem deles (cf. Dt 10.13). Ele não os deu a fim de colocar seus filhos em escravidão a regras estabelecidas pelo homem, mas para abençoar, fortalecer e encorajá-los. Os meios particulares da graça nos foram concedidos para sustentar-nos em nossa vida cristã diária, em um mundo de atividades cotidianas. Os meios públicos da graça são para nosso benefício, na igreja local pertencente ao Senhor Jesus Cristo. Praticá-los agora resultará em crescimento e frutificação de nossa vida cristã. Utilizar estes meios designados por Deus redundará em glória para Ele, expansão de seu reino e nos proporcionará retidão, paz e alegria.

Os cristãos devem penetrar no mundo,

sem se tornar parte dele.

John Blanchard

Jesus A Simples Verdade


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Utilidade das Escrituras



Wayne Mack

A palavra salvação é utilizada em vários sentidos na Bíblia. Com freqüência, salvação é empregada no sentido restrito de ser salvo da penalidade de nosso pecado e de nossa alienação para com Deus (Cl 1.21-23). Todavia, existe um sentido mais amplo em que as Escrituras utilizam este vocábulo. A palavra salvação, derivada do vocábulo grego soteria, inclui a idéia de tornar inteiro, completo ou sadio. Na salvação, Deus não somente nos livra da penalidade de nosso pecado (ou seja, de nossa alienação para com Ele) — o inferno. Deus também quer nos salvar da corrupção de nosso pecado, ou seja, Ele quer nos transformar tanto em nosso interior quanto em nosso exterior. Deus quer mudar nossa condição interna, bem como nossa posição legal diante dEle mesmo — nossa condição e nossa posição, nosso estado e nossa postura.
Nas palavras do apóstolo Paulo, encontradas em outra passagem bíblica, na salvação Deus nos conforma à imagem de Cristo (Rm 8.29; 2 Co 3.18). O propósito de Deus na salvação é tornar-nos perfeitos em Cristo (Cl 1.28). Deus tenciona agir dessa maneira em nós, a fim de que “cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4.15). Afirmando de outra maneira, podemos dizer que “tão grande salvação” (Hb 2.3) inclui a santificação (ser tornado santo em nosso coração e em nossa conduta) e a justificação (ser declarado justo em nossa posição diante do Deus santo, por meio da justiça de Cristo). Do ponto de vista de Deus, a salvação inclui ser feito semelhante a Cristo e ser declarado legalmente justo em Cristo.
Esta é a maneira como o vocábulo salvação foi utilizado em 1 Timóteo 4.16, onde Paulo fala a respeito de assegurar a salvação de Timóteo e dos membros da igreja de Éfeso. Com certeza, Paulo não estava, nesta passagem bíblica, questionando se Timóteo ou outros crentes estavam em um relacionamento correto com Deus, se eles já haviam sido justificados, se os seus pecados haviam sido perdoados. Paulo estava falando sobre salvação no sentido de crescer mais e mais na semelhança de Cris- to; esta semelhança é o objetivo de Deus em nos justificar.
Na salvação, Deus não está apenas interessado em nos salvar da condenação do inferno; tampouco Ele está somente preocupado em nos levar ao céu. Além destes propósitos da salvação, Deus também quer nos mudar em nosso íntimo, de modo que nossos pensamentos, afeições, desejos, sentimentos, atitudes, aspirações e todos os aspectos de nosso ser tornem-se semelhantes a Cristo. Deus tenciona que nossa vida, tal como a de nosso Senhor Jesus Cristo, seja cheia com o fruto do Espírito — amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl 5.22,23). Isto é salvação em seu sentido mais completo. E esta é a razão por que ser tornado sábio para a salvação é um aspecto tão importante, proveitoso e crítico em resolver tanto os problemas da vida presente quanto os problemas referentes à eternidade.
Que instrumentos Deus utiliza neste processo interno de transformação, neste sentido mais amplo da salvação? O mesmo instrumento que Ele utiliza para nos tornar sábios para a salvação no sentido de mudar nosso relacionamento para com Ele. Deus utiliza as Escrituras para nos mudar em nosso íntimo e nos transformar à imagem de Cristo. “Todos nós... contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados,
de glória em glória, na sua própria imagem” (2 Co 3.18). “Santifica-os [torna-os santos e justos em seu coração e em sua conduta] na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.25,26).
Muitos anos atrás, Thomas Chisholm expressou, nas seguintes palavras, aquilo que deve ser o clamor do coração de todo crente: “Oh! Que eu seja semelhante a Ti, bendito Redentor! Este é o meu anelo e a minha oração constante! Ó Jesus, eu renunciarei, com alegria, todos os tesouros desta vida, a fim de vestir-me de tua perfeita semelhança. Oh! Que eu seja semelhante a Ti, cheio de compaixão, amor, perdão, ternura e bondade, ajudando o desamparado, confortando os desanimados, procurando encontrar os pecadores errantes! Oh! Que eu seja semelhante a Ti! Enquanto eu estou clamando, derrama o teu Espírito; enche-me com teu amor, faze de mim um templo adequado para a tua habitação. Prepara-me para a vida e para a habitação celestial. Oh! Que eu seja semelhante a Ti, bendito Redentor, puro como Tu és! Vem em tua amabilidade, em tua plenitude, estampa a tua própria imagem no mais íntimo de meu coração”.
O constante clamor do coração de todo crente deveria ser: “Senhor Jesus, eu quero ser semelhante a Ti. Por favor, age em mim, transformando-me, mudando meu ser e fazendo-me semelhante a Ti”. Eu afirmo que essas palavras deveriam constituir nosso anelo e nossa oração permanentes. E esta é a boa notícia: à medida que nos tornarmos mais semelhantes a Cristo e que tal semelhança se torne mais real em nosso viver, desfrutaremos do maior bem que uma pessoa pode experimentar. A coisa mais benéfica e proveitosa que pode acontecer é alguém tornar-se crescentemente mais semelhante a Cristo, à maneira bíblica; e isso é descrito pelo poema de Thomas Chisholm. Imagine com o que a nossa vida pareceria, o que aconteceria em nossos relacionamentos com as outras pessoas e em nossas famílias; com o que seriam semelhantes nossas igrejas e qual seria o nosso impacto no mundo, se fôssemos mais semelhantes a Cristo.
Pense sobre o impacto que nós, os crentes, causaríamos em favor da causa de Cristo, se, à semelhança dEle, fôssemos cheios de compaixão, amor, ternura e bondade; se, à semelhança dEle, fôssemos mais dedicados em ajudar os desamparados, confortar os desanimados e procurar os errantes. Que maravilha! Isso é algo pelo que temos de nos sentir estimulados e anelar muito! A boa notícia é que tornar-se semelhante a Cristo não é uma idéia impraticável. Para todos nós que temos experimentado a salvação no sentido de justificação dos pecados, experimentar a salvação no sentido de crescer mais e mais na semelhança de Cristo é algo que pode constituir nossa experiência contínua aqui e agora. Nós podemos mudar! Podemos ser diferentes! Podemos resolver nossos problemas relacionados ao pecado! Podemos nos tornar mais semelhantes a Jesus! Como? Por meio do estudo regular, diligente, fiel, sério e fervoroso da Palavra de Deus; é a única maneira pela qual essa semelhança pode acontecer. E ser mais semelhante a Cristo pode acontecer porque as Escrituras, inspiradas por Deus, são úteis para nos tornar sábios para a salvação nos dois sentidos discutidos neste artigo.



Jesus A Simples Verdade


domingo, 23 de outubro de 2011

A ESCOLHA DIVINA PARA O SERVIÇO (III)


Por Luiz Soares (1930-2003)

3. A INCUMBÊNCIA DOS ESCOLHIDOS

“Para a OBRA que os tenho chamado” – At. 13:2.
“E faze a OBRA” – 1Cr. 28:10; 1Co. 15:58; 1Tm. 3:1,15; 2Tm. 4:1-5.
“Para que VADES E DEIS FRUTOS” – Jo. 15:16.

A) CARACTERÍSTICOS DA OBRA

1. É a “Obra do Senhor", o que significa o trabalho que Ele nos deu para fazer. Podemos fazer muita coisa para o Senhor, até com muito boas intenções, sem estarmos fazendo a obra do Senhor. É somente quando fazemos tudo obedecendo à orientação da Palavra que estamos, de fato, realizando a obra do Senhor.

2. É uma obra de fé. A palavra de encorajamento à firmeza e constância no serviço vem após a estupenda exposição da gloriosa ressurreição do Senhor. É pela fé no Cristo ressuscitado, exaltado e glorificado que podemos trabalhar fiel e intensamente e podemos permanecer "firmes e inabaláveis". Sua Palavra e Suas promessas nos sustentam em nossos esforços no Seu serviço.

3. É uma obra pesada e fatigante. As palavras "trabalho" e "obra" no Novo Testamento, traduzem, na maior parte da vezes, duas palavras gregas: "Ergon" e "Kopos". O vocábulo "Ergon" compreende todo tipo de serviço, inclusive atividade leve e agradável, mas a palavra "Kopos" indica labor fatigante, trabalho pesado e incômodo. Trabalhar na obra de Deus é, de fato, um prazer, mas exige muito dispêndio de energia, pois a sua atividade é, por vezes, difícil, penosa e fatigante. A forma verbal "kopiao", correspondente ao substantivo "kopos", significa trabalhar arduamente, estar sobrecarregado de trabalho, labutar, fatigar-se no labor. Paulo usa este verbo quando diz, em At. 20:34-35, que trabalhou arduamente com as próprias mãos para sustentar-se a si mesmo e aos seus companheiros. E, em Cl. 1:29, falando de seu empenho em ministrar Cristo aos homens, ele afirma: "Para isso é que eu me afadigo, esforçando-me (agonizando) o mais possível". O mesmo pensamento é comunicado em 1Tm. 4:10, onde lemos: "Para este fim é que labutamos". E, em 1Tm. 5:17, Paulo fala sobre presbíteros que se "afadigam na Palavra e na doutrina". Quem quer uma vida cômoda não pode servir a Deus. Convém notar que Barnabé e Saulo foram escolhidos para aquela obra especial porque estavam em plena comunhão e serviço na igreja local em Antioquia. É significativa a menção de que foi quando eles estavam ali servindo ao Senhor que o Espírito Santo os separou.

Isto indica que a igreja local deve ser o centro de irradiação da obra. De Jerusalém, onde começou, ela expandiu-se para muitos lugares. Muitos mudaram-se de Jerusalém e onde foram pregaram a mensagem que conduziu muitas almas ao Salvador, disto resultando o início de uma florescente igreja em Antioquia. A Igreja em Jerusalém não estava alheia ao fato, tanto que, ao ouvir o que se passava, enviou Barnabé para lá, não como chefe eclesiástico, para ditar ordens, mas como um obreiro competente e fiel, para constatar a veracidade das notícias recebidas e estender à igreja ali a mão de comunhão da igreja em Jerusalém.

Tendo a confirmação de que o Senhor estava operando poderosamente ali, Barnabé identificou-se com a novel igreja e partiu em busca de Saulo, com quem trabalhou naquela igreja até que o Espírito Santo os enviou para a sua primeira viagem missionária. É notável que antes daquele chamado Barnabé e Saulo tinham sido enviados a Jerusalém a fim de levar socorro da igreja em Antioquia para os irmãos da Judéia e, como diz Atos 12:25, “cumprida a sua missão, voltaram” à igreja em Antioquia, que os havia enviado. Isto quer dizer que quando se fala em missões, fala-se numa obra da igreja local, da qual não deve ela se omitir.

B) A ESFERA DE AÇÃO DA OBRA

I. A IGREJA DE DEUS (1Tm. 3:15). Cada cristão é feito por Deus um membro da Sua Igreja e é escolhido por Ele para servir nela. Ao nascer de novo cada crente é feito um filho e um sacerdote de Deus, nascido na Sua grande família sacerdotal. Notemos alguns aspectos do exercício desse sacerdócio.

a) A adoração. Cada cristão é um sacerdote santo: "Vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo" (1Pe. 2:5). O ponto culminante da obra de Deus é a adoração, sendo esta a mais elevada ocupação do cristão individualmente e da Igreja como um todo. Deus está procurando antes e acima de tudo adoradores por Ele habilitados a adorar "em Espírito e em verdade” (Jo. 4:23-24).

b) A supervisão (1Tm. 3:1). O episcopado é a tarefa árdua de cuidar do povo de Deus. É uma tarefa confiada por Deus aos "bispos", ou "presbíteros". Eles são identificados como presbíteros em razão de sua experiência e maturidade espiritual – a palavra "presbítero" significa "mais velho"; e são identificados como bispos em razão de sua função de superintender a igreja. Várias palavras bíblicas indicam as funções destes servos de Deus: pastorear, governar, presidir, guiar, governar, cuidar, velar e apascentar. Todos estes vocábulos indicam claramente a pesada tarefa colocada por Deus sobre os ombros destes Seus servos, recomendando-lhes solenemente: "Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual Ele comprou com o Seu próprio sangue" (At. 20:28). E mais: "Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangidos, mas espontaneamente, como Deus quer; (3) nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes tornando-vos modelos do rebanho. (4) Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa de glória" (1Pe. 5:2-4). Isto significa que os presbíteros não têm o direito de agir com prepotência sobre o rebanho, tendo em mente que eles não são os proprietários, e, sim, despenseiros, aos quais o Senhor, o Supremo Pastor e legítimo Proprietário, confiou as ovelhas. Eles terão de prestar contas dessa mordomia.

c) A edificação. Cristo tem de ser ministrado entre os santos para a sua edificação na fé e conseqüente crescimento espiritual. Isto deve ser feito pelo ministério fiel da Palavra manifestando as supremas glórias, belezas e perfeições do Senhor Jesus Cristo, o CENTRO para o Qual devem os santos estar voltados. As doutrinas da fé devem ser fielmente expostas a fim de salvaguardar os cristãos do perigo das falsas doutrinas que nos rondam. Todos os privilégios e responsabilidades dos fiéis devem ser claramente apresentados para seu encorajamento, exortação e advertência.

Para o exercício dessa obra Deus tem conferido dons aos Seus servos e cada um deve, com humildade, exercer as suas faculdades espirituais para descobrir qual foi a parte que Deus lhe designou neste maravilhoso plano.

II. O MUNDO PERDIDO (Is. 6:1-8; Mt. 9:36). Quão grande é a necessidade da humanidade! Milhões estão se debatendo nas trevas da ignorância e do pecado e precisam ouvir o Evangelho da salvação. Não podemos pensar nisto sem nos lembrarmos de que o Senhor diz a cada um de nós: “Eu vos escolhi e vos designei para que vades”. Cada um individualmente deve ouvir a voz Divina a dizer-lhe: “O Senhor te escolheu... sê forte e faze a obra"! Para isto Deus fez de cada cristão um sacerdote real: "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz" (1Pe. 2:9). Notemos os requisitos indispensáveis à realização desta obra:

a) Visão. Sem uma visão do mundo perdido em seus pecados não teremos condição de evangelizá-lo. Como aconteceu com Isaías, no templo, precisamos de uma visão do alto e de dentro, para, então, alcançarmos a visão das grandes necessidades de fora. A visão da glória de Deus e da nossa miséria e indignidade e a aplicação do Seu recurso purificador abrirá os nossos olhos para vermos o que o Senhor vê – "as multidões aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor" (Mt. 9:36).

b) Compaixão. É preciso ver como o Senhor e sentir como o Senhor. Em Mt. 9:36, lemos que Ele vendo as multidões, compadeceu-se delas. Se não formos possuídos daquela mesma compaixão jamais conseguiremos realizar esta importante obra.

c) Prontidão. Depois de iluminado, despertado e purificado, Isaías respondeu prontamente: "Eis-me aqui, envia-me a mim"! Quando o Senhor chamou os discípulos, prometendo fazer deles "pescadores de homens", eles deixaram imediatamente as suas redes e O seguiram. Sem disposição e desprendimento por parte de cada um de nós a obra não será realizada.

É grande o prejuízo da nossa omissão nesta parte. A Palavra diz: "Como invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem nada ouviram? e como ouvirão SE NÃO HÁ QUEM PREGUE?"

O custo desta obra é muito elevado. Ela exige grande dose de determinação e auto-renúncia, mas o resultado é extraordinariamente compensador: "Os que com lágrimas semeiam, com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes" (Sl. 126:5-6). Tal foi a experiência de Paulo quando, dirigindo-se aos cristãos de Filipos, frutos do seu penoso trabalho, pôde dizer: "Meus irmãos amados... minha alegria e coroa". E, aos crentes tessalonicenses: "Quem é a nossa esperança, ou coroa em que exultamos na presença de nosso Senhor Jesus em Sua vinda? Não sois vós? Sim, vós sois realmente a nossa glória e a nossa alegria"!

Eia, pois, irmãos! Nosso trabalho na "obra do Senhor não é vão. Atendamos, portanto, à Sua chamada e regozijemo-nos no privilégio da Sua sublime escolha. Ouçamos a voz do Espírito: “Apartai-me... para a obra a que os tenho chamado”. Ouçamos a voz do Filho: “Eu vos escolhi e vos enviei...”. Ouçamos a voz do Pai celeste: “O Senhor te escolheu... sê forte e faze a obra"!

Jesus A Simples Verdade

sábado, 22 de outubro de 2011

A ESCOLHA DIVINA PARA O SERVIÇO (II)



PorLuiz Soares (1930-2003)

2. O ENCORAJAMENTO PARA OS ESCOLHIDOS

“Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram (At.13:4)
"Sê forte" (1Cr.28:10 c/ Ef.6:10-13, Jo.15:5)
“Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo” (At.1:8)

Sentimo-nos, e com muita razão, pequenos e fracos demais para realizarmos a obra de Deus. E se quisermos, de fato, servi-Lo, precisamos da Sua força. Os textos acima demonstram-nos a provisão de Deus para a realização da Sua obra.

(A) A NECESSIDADE DESSA FORÇA

"Sem mim nada podeis fazer". Para servirmos o Senhor é necessário reconhecermos a nossa extrema incapacidade. Em nós mesmos somos servos inúteis e sem valor. Para correspondermos ao chamamento do Senhor precisamos de uma força que, por natureza, não está em nossas mãos.

(B) A NATUREZA DESSA FORÇA:


I.
Ela é espiritual, e, não, carnal. Em Ef.6:10-12, lemos: “Sede fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder”; (12) porque a nossa luta não é “contra o sangue e a carne”, e, sim, “contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes”. Temos um inimigo sagaz e traiçoeiro, que arma astutas ciladas para apanhar-nos de surpresa e que é muito hábil em sua estratégia. Em 2Co.2:11 lemos: "Para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios”. Além disso, ele sabe disfarçar muito bem, conta com uma hoste de auxiliares e tem um poder extraordinário que se estende por todo o mundo. Comparemos os versículos citados com 2Co.11:13-15: "Os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo”. (14) “E não é de admirar; porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz”. (15) “Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça". Não existem recursos humanos para mantermos essa luta. Entretanto, há um recurso sobre-humano, espiritual, preparado por Deus para o nosso uso. É um equipamento completo – a armadura de Deus! A Palavra diz em Ef.6:11-13: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo... (13) tomai toda a armadura de Deus para que possais resistir no dia mau, e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis”. Portanto, se, seguindo estas instruções, usarmos toda a armadura de Deus, seremos vitoriosos nesta luta sem tréguas que nos é movida pelo nosso terrível inimigo.

II. É força suficiente e disponível. O convite é amplamente feito a todos: "Fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder". E todos quantos desejem beneficiar-se dessa força podem aproximar-se dEle e provarão a sublime experiência de sua ampla disponibilidade e plena suficiência. Então, poderão provar a experiência de Paulo, quando disse: "Tudo posso nAquele que me fortalece" (Fp.4:13).

III. É força irresistível. O poder eterno de Deus é demonstrado em todas as Suas obras e tem o seu ponto culminante na ressurreição de Seu Filho, conforme Ef.1:18-19: "E qual a suprema grandeza do Seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do Seu poder; (19) o qual exerceu Ele em Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos e fazendo-O sentar à Sua direita nos lugares celestiais". Deus tem para nós hoje a mesma promessa que deu a Josué, a qual será cumprida à medida em que nós nos posicionarmos em plena obediência à Sua vontade: "Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo: Não te deixarei, nem te desampararei" (Js.1:5). Mas notemos a condição: "Não cesses de falar deste livro da lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas o cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito" (v. 8).

Barnabé e Saulo partiram para a obra enviados pelo Espírito Santo. Não se entregaram a uma aventura inconseqüente, mas apropriaram-se plenamente dessa extraordinária força divina e por isso é que foram tão bem sucedidos.

Ao dizer: “Sê forte”, o Senhor estava encorajando a Salomão, assegurando-lhe que poderia contar com Ele em tudo, desde que obedecesse às Suas instruções.

Ao dizer-nos: “Sem mim, nada podeis fazer”, o Senhor está nos assegurando que com Ele tudo podemos. Ele garantiu-nos o poder do Seu Espírito Santo para testificarmos ousadamente dEle neste mundo. O Deus que nos escolhe, nos equipa com todos os recursos necessários e nos garante a Sua infalível presença e o Seu infinito poder. Não é tudo isto um motivo de pleno encorajamento?

Jesus A Simples Verdade

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A ESCOLHA DIVINA PARA O SERVIÇO (I)



Por Luiz Soares (1930-2003)

A gloriosa salvação do cristão não está limitada apenas à libertação da condenação, mas outorga-lhe o estupendo privilégio de partilhar de uma santa vocação, a qual entre outras bênçãos, faz dele um cooperador de Deus nos santos interesses do Seu reino. Deus nos escolheu e nos chamou, não para ficarmos acomodados aos nossos interesses pessoais, mas para nos envolvermos na Sua obra e nos interesses da Sua Causa. Nosso estudo trata deste aspecto do chamado do Senhor, por um lado, para encorajar o povo de Deus a ouvir o Seu chamado e, por outro, objetivando conclamar as lideranças a reconhecerem a sua responsabilidade com relação às missões.

1. O SOBERANO AUTOR DA ESCOLHA
“Disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo” (At.13:2)
“O Senhor te escolheu” (1Cr.28:10) “Eu vos escolhi”(Jo.15:16).

(A) ESCOLHA PELA GRAÇA SOBERANA

"Não fostes vós que me escolhestes a mim". Não foi por nossos méritos, nem por nossa capacidade. Ef.2:1-6: “Deus vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, (2) nos quais andastes outrora, seguindo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; (3) entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. (4) Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, (5) e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, pela graça sois salvos, (6) e juntamente com Ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus”. Em nosso passado nada tínhamos que pudesse nos recomendar.

Era um passado triste, inútil e irremediável: Ef.2:11-13: “Lembrai-vos de que outrora vós, gentios na carne, chamados incircuncisão por aqueles que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, (12) naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo”... Somente a soberana graça de Deus poderia reverter aquele quadro, transformando aquela situação angustiosa em um passado morto, substituído por um presente feliz e glorioso: (13) “Mas agora em Cristo Jesus, vós que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo”.

A escolha partiu do Senhor: Foi o Espírito Santo Quem enviou a Barnabé e Saulo. Os outros textos do nosso estudo afirmam: “O Senhor te escolheu...Eu vos escolhi”. Ele não baseou a Sua escolha em nenhum fator meramente humano e ninguém de nós tinha nada a reivindicar dEle. Pelo contrário, Ele escolheu-nos não por causa, mas apesar do que nós somos. Trazendo-nos de longe para junto de Si, sem nada fazermos ou merecermos, Ele faz-nos Seus filhos e Seus herdeiros e oferece-nos Sua ampla e preciosa comunhão. Quão maravilhosa é a soberana graça do nosso Deus!

(B) ESCOLHA ESPECÍFICA E IMPARCIAL:

I. Fala ao indivíduo: “O Senhor te escolheu”. Ninguém pode se esquivar, pois esta é uma palavra do Senhor para cada cristão.

II. Fala à coletividade: “Eu vos escolhi”. Aquele que nos escolheu, fez de nós seus sacerdotes santos para entrarmos no Seu santuário em adoração e sacerdotes reais para “anunciarmos as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1Pe.2:6,9). III. Estimula o companheirismo: “Apartai-me a Barnabé e a Saulo”. Nada de isolacionismo egoísta. Nada de individualismo exibicionista. O propósito do Senhor é que os Seus obreiros andem juntos em mútua e cordial cooperação.

IV. É sumamente honrosa. É a escolha do Supremo Criador e, portanto, uma suprema honra para os escolhidos. Somos “embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio” (2Co.5:20).

(C) ESCOLHA COM PROPÓSITO DEFINIDO

“Para a obra a que os tenho chamado ...Vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça ... Faze a obra”. O Senhor não improvisa. Ele planeja o serviço dos Seus servos e os envia para servir naquela esfera. Ele tem autoridade para designar e, então, enviar. O fruto, nas Escrituras, comunica as idéias de caráter, conduta e serviço. Este é o sentido do vocábulo neste caso, embora o propósito do Senhor sempre compreenda os outros sentidos também. O Senhor deseja fruto que permaneça, que Lhe traga prazer, honra e glória. Ao mesmo tempo Ele requer obediência por parte dos servos e exerce a Sua autoridade ao determinar-lhes: FAZE A OBRA.

Jesus A Simples Verdade

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A Incapacidade da Vontade Humana





Arthur W. Pink

Está na esfera da vontade humana a capacidade de aceitar ou rejeitar o Senhor Jesus como Salvador? Visto que o evangelho é anunciado ao pecador e que o Espírito Santo o convence de sua condição de perdido, está no poder de sua própria vontade resistir ou render-se a Deus? As respostas destas perguntas definem nossa opinião a respeito da depravação do homem.

Todos os crentes concordam com o fato de que o homem é uma criatura caída. Mas, freqüentemente, é muito difícil determinar o que eles querem dizer ao utilizarem o vocábulo “caído”. A impressão geral parece ser esta: o homem não está mais na mesma condição em que saiu das mãos do Criador; ele está sujeito a enfermidades e herdou tendências perversas; mas, se empregar ao máximo as suas habilidades, o homem será, de alguma maneira, capaz de desfrutar o máximo da felicidade.

Oh! quão distante isso está da terrível verdade! Enfermidades, doenças e a morte física são apenas ninharias em comparação com os resultados morais e espirituais da Queda! Somente quando examinamos as Escrituras Sagradas, podemos obter alguma idéia correta a respeito da extensão dessa terrível calamidade. Quando dizemos que o homem é totalmente depravado, estamos afirmando que a entrada do pecado na constituição humana afetou todas as partes e todas as faculdades do homem. A depravação total significa que o homem, em seu corpo, alma e espírito, é escravo do pecado e servo de Satanás — está andando de acordo com “o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2.2).

Não precisamos argumentar em favor desta verdade; é um fato comum da experiência dos homens. O homem é incapaz de atingir suas próprias aspirações e concretizar seus próprios ideais. Ele não pode fazer as coisas que gostaria de fazer. Existe uma incapacidade moral que o paralisa. Esta é uma prova de que ele não é um ser livre e que, ao contrário disso, é um escravo do pecado e de Satanás. “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos” (Jo 8.44).

O pecado é muito mais do que uma atitude ou uma série de atitudes; é a constituição do próprio homem. O pecado cega o entendimento, corrompe o coração e separa o homem de Deus. E a vontade do homem não escapou dos efeitos do pecado. A vontade está sob o domínio do pecado e de Satanás. Portanto, a vontade não é livre. Em resumo, as afeições amam e a vontade escolhe de acordo com o estado do coração; e, visto que este é enganoso e desesperadamente corrupto, mais do que todas as coisas, “não há quem entenda, não há quem busque a Deus” (Rm 3.11).

Jesus A Simples Verdade

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

"O amor une; a doutrina divide". Será? - John Piperr


A verdade é a raiz do amor

Menciono em primeiro lugar o exemplo de amor de Jesus, não apenas por ser o primeiro e mais evidente ato de amor observado em suas palavras, mas porque, na época em que vivemos, o amor é quase sempre contrastado com a defesa da verdade. Não é o que Jesus demonstra, nem aqui nem em outro lugar. Se alguém dissesse a Jesus: "O amor une; a doutrina divide", penso que Jesus olharia fundo na alma dessa pessoa e diria: "A doutrina verdadeira é a raiz do amor. Portanto, quem se opuser a ela, destruirá a raiz da unidade".
Jesus nunca opôs a verdade ao amor. Pelo contrário, afirmou ser ele próprio a personificação e a essência da verdade: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (Jo 14.6). Referindo-se outra vez a si mesmo, disse: "Aquele que fala por si mesmo busca a sua própria glória, mas aquele que busca a glória de quem o enviou, este é verdadeiro; não há nada de falso a seu respeito" (Jo 7.18). Foi esta afirmação abrangente de Jesus: "... para isto vim ao mundo; para testemunhar da verdade...” (Jo 18.37), para explicar por que ele viera ao mundo, que levou Pilatos a perguntar com ceticismo: “Que é a verdade?” (Jo 18.38). Até seus adversários viram quanto Jesus era indiferente às opiniões do povo e quão dedicado era à verdade. “Mestre, sabemos que és verdadeiro e não te importas com quem quer que seja...” (Marcos 12.14). Quando Jesus deixou este mundo e retornou para o Pai, no céu, o espírito que enviou em seu lugar foi chamado “Espírito da verdade”: “Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito” (Jo 15.26).

Portanto, diferentemente de muitos que comprometem a verdade apenas para seguir alguém, Jesus fez o oposto. A descrença de deus ouvintes confirmava a necessidade de uma profunda mudança neles, não na verdade: “Todos os que são da verdade me ouvem” (Jo 18.37); “No entanto, vocês não crêem em mim, porque lhes digo a verdade!” (Jo 8.45). Quando a verdade não produz a reação que queremos – quando ela não “funciona” -, não devemos abandoná-la. Jesus não é pragmático quando se trata de amar as pessoas com a verdade. Nós falamos a verdade, e se ela não for capaz de vencer a opinião do outro, não devemos pensar em mudá-la, e sim orar para que nossos ouvintes sejam despertados e modificados pela verdade: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (Jo 8.32). Jesus orou: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).

Quando ora para que seu povo seja santificado na verdade, Jesus revela as raízes do amor. A santificação – ou santidade, conforme Jesus a entende –, implica transformar-se numa nova pessoa. Ele está orando para que nos tornemos pessoas que amam, misericordiosas, pacificadoras e perdoadoras. Tudo isso faz parte da oração: “Santifica-os”, e tudo isso acontece em verdade e pela verdade, jamais separado dela. O esforço de opor o amor à verdade é como pôr a fruta contra a raiz ou o acendedor contra o fogo; ou como construir, sem um alicerce firme, um dormitório no segundo pavimento da casa. A casa inteira desmoronará, levando junto o dormitório, se o alicerce ruir. O amor vive pela verdade, inflama-se por meio da verdade e subsiste por causa da verdade. Foi por isso que o primeiro ato de amor de Jesus, ao nos dar o mandamento de amar, foi corrigir uma falsa interpretação das Escrituras.

Fonte: Perólas do Evangelho
Jesus - A Simples Verdade

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Cristianismo de Entretenimento



John MacArthur


John MacArhtur, autor de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master’s College and Seminary e do ministério “Grace to You”; John e sua esposa Patrícia têm quatro filhos e quatorze netos.


A igreja pode enfrentar a apatia e o materialismo satisfazendo o apetite das pessoas por entretenimento? Evidentemente, muitas pessoas das igrejas pensam assim, enquanto uma igreja após outra salta para o vagão dos cultos de entretenimento.

Uma tendência inquietante está levando muitas igrejas ortodoxas a se afastarem das prioridades bíblicas.

O que eles querem

Os templos das igrejas estão sendo construídos no estilo de teatros. Ao invés de no púlpito, a ênfase se concentra no palco. Alguns templos possuem grandes plataformas, que giram ou sobem e descem, com luzes coloridas e poderosas mesas de som.

Os pastores espirituais estão dando lugar aos especialistas em comunicação, aos consultores de programação, aos diretores de palco, aos peritos em efeitos especiais e aos coreógrafos.

O objetivo é dar ao auditório aquilo que eles desejam. Moldar o culto da igreja aos desejos dos freqüentadores atrai muitas pessoas.

Como resultado disso, os pastores se tornam mais parecidos com políticos do que com verdadeiros pastores, mais preocupados em atrair as pessoas do que em guiar e edificar o rebanho que Deus lhes confiou.

A congregação recebe um entretenimento profissional, em que a dramatização, os ritmos populares e, talvez, um sermão de sugestões sutis e de aceitação imediata constituem o culto de adoração. Mas a ênfase concentra-se no entretenimento e não na adoração.

A idéia fundamental

O que fundamenta esta tendência é a idéia de que a igreja tem de “vender” o evangelho aos incrédulos — a igreja compete por consumidores, no mesmo nível dos grandes produtos.

Mais e mais igrejas estão dependendo de técnicas de vendas para se oferecerem ao mundo.

Essa filosofia resulta de péssima teologia. Presume que, se você colocar o evangelho na embalagem cor-reta, as pessoas serão salvas. Essa maneira de lidar com o evangelho se fundamenta na teologia arminiana. Vê a conversão como nada mais do que um ato da vontade humana. Seu objetivo é uma decisão instantânea, ao invés de uma mudança radical do coração.

Além disso, toda esta corrupção do evangelho, nos moldes da Avenida Madison, presume que os cultos da igreja têm o objetivo primário de recrutar os incrédulos. Algumas igrejas abandonaram a adoração no sentido bíblico.

Outras relegaram a pregação convencional aos cultos de grupos pequenos em uma noite da semana. Mas isso se afasta do principal ensino de Hebreus 10.24-25: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos”.

O verdadeiro padrão

Atos 2.42 nos mostra o padrão que a igreja primitiva seguia, quando os crentes se reuniam: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”.

Devemos observar que as prioridades da igreja eram adorar a Deus e edificar os irmãos. A igreja se reunia para adoração e edificação — e se espalhava para evangelizar o mundo.

Nosso Senhor comissionou seus discípulos a evangelizar, utilizando as seguintes palavras: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28.19). Ele deixou claro que sua igreja não tem de ficar esperando (ou convidando) o mundo para vir às suas reuniões, e sim que ela tem de ir ao mundo.

Essa é uma responsabilidade de todo crente. Receio que uma abordagem cuja ênfase se concentra em uma apresentação agradável do evangelho, no templo da igreja, absolve muitos crentes de sua obrigação pessoal de ser luz no mundo (Mateus 5.16).

Estilo de vida

A sociedade está repleta de pessoas que querem o que querem quando o querem. Elas vivem em seu próprio estilo de vida, recreação e entretenimento. Quando as igrejas apelam a esses desejos egoístas, elas simplesmente põem lenha nesse fogo e ocultam a verdadeira piedade.

Algumas dessas igrejas estão crescendo em expoentes elevados, enquanto outras que não utilizam o entretenimento estão lutando. Muitos líderes de igrejas desejam crescimento numérico em suas igrejas, por isso, estão abraçando a filosofia de “entretenimento em primeiro lugar”.

Considere o que esta filosofia causa à própria mensagem do evangelho. Alguns afirmam que, se os princípios bíblicos são apresentados, não devemos nos preocupar com os meios pelos quais eles são apresentados. Isto é ilógico.

Por que não realizarmos um verdadeiro show de entretenimento? Um atirador de facas tatuado fazendo malabarismo com serras de aço se apresentaria, enquanto alguém gritaria versículos bíblicos. Isso atrairia uma multidão, você não acha?

É um cenário bizarro, mas é um cenário que ilustra como os meios podem baratear e corromper a mensagem.

Tornando vulgar

Infelizmente, este cenário não é muito diferente do que algumas igrejas estão fazendo. Roqueiros punk, ventríloquos, palhaços e artistas famosos têm ocupado o lugar do pregador — e estão degradando o evangelho.

Creio que podemos ser inovadores e criativos na maneira como apresentamos o evangelho, mas temos de ser cuidadosos em harmonizar nossos métodos com a profunda verdade espiritual que procuramos transmitir. É muito fácil vulgarizarmos a mensagem sagrada.

Não se apresse em abraçar as tendências das super-igrejas de alta tecnologia. E não zombe da adoração e da pregação convencionais. Não precisamos de abordagens astuciosas para que tenhamos pessoas salvas (1 Coríntios 1.21).

Precisamos tão-somente retornar à pregação da verdade e plantar a semente. Se formos fiéis nisso, o solo que Deus preparou frutificará.

Jesus - A Simples Verdade